29 de julho de 2018

O direito de estar errado

-- Ora, não importa o quanto a pessoa esteja errada, todo ser humano tem o direito de estar errado -- e você não está lhe dando este direito.

-- Mas por que todo ser humano tem o direito de estar errado?

-- Simplesmente porque ele é humano; e pelo fato de ser humano ele é falível e propenso a erros. Se o seu chefe, por exemplo, está errado, então seus erros obviamente resultam de alguma combinação entre sua estupidez, ignorância e transtornos emocionais; e ele, como ser humano falível que é, tem todo o direito de ser estúpido, ignorante ou emocionalmente transtornado -- por mais que talvez fosse muito melhor que ele não fosse assim. Você está lhe negando o direito de ser humano e, pior, está esperando que ele -- note como isso é bobo, admita! -- se comporte de maneira super-humana ou angélica. Não importa se seu chefe esteja certo ou errado, guardar rancor por ele estar, na sua opinião, errado dificilmente vai fazer ele agir corretamente, não acha? E o seu ressentimento, sem sombra de dúvida, não vai te ajudar ou fazer você se sentir melhor. Então para que serve o seu ressentimento? Em outras palavras, a postura do ressentimento não faz sentido. Além disso, não faz sentido tornar a coisa ainda mais penosa e fastidiosa ao continuamente reproduzir a si mesmo a ideia de como a coisa toda é horrível.

Fonte: Albert Ellis, Reason and Emotion in Psychotherapy, Birch Lane Press, Nova York, NY, EUA, 1994. p. 162-163.