28 de dezembro de 2017

A morte de Aleksey Khomyakov




O famoso escritor de assuntos religiosos, Aleksey Stepanovich Khomyakov, faleceu em 25 de setembro de 1860, de cólera, longe de sua família, em sua quinta em Ryazan, Rússia. No entanto, há um interessante relato de sua morte deixado por um proprietário rural vizinho chamado Leonid Matveyevich Murometsev. Eis um trecho de seu relato. Quando Murometsev entrou na casa de Khomyakov e lhe perguntou o que estava acontecendo, este lhe repondeu: “Oh, nada especial, é hora de morrer. Isso é muito ruim. Que coisa estranha! Quantas pessoas curei mas eu mesmo sou incapaz de curar-me”. Segundo as palavras de Murometsev não se detectava em sua voz absolutamente nenhum pesar ou medo, mas uma profunda convicção de que não havia saída. “À uma hora da tarde mais ou menos, percebendo que as forças do doente lhe estavam deixando, eu”, diz Murometsev, “perguntei-lhe se queria receber as últimas unções. Ele aceitou minha oferta com um sorriso cheio de alegria e disse ‘Eu ficaria muito, muito grato’. Durante todo o tempo que durou o sacramento ele segurou em suas mãos uma vela, e aos sussurros orava e fazia o sinal da cruz”. Logo em seguida pareceu a Murometsev que Khomyakov se sentia melhor, fato este que desejava transmitir a sua. Faites vous responsable de cette bonne nouvelle; je n'en prend pas la responsabilité [*], disse Khomyakov a Murometsev, em tom quase jocoso. “É claro que você está melhor, veja como está mais quente e seus olhos agora brilham”, observou Murometsev. “E amanhã brilharão ainda mais!” respondeu Khomyakov. “Essas foram suas últimas palavras”, disse Murometsev. “Ele viu com muita clareza que todos aqueles sinais de aparente recuperação nada mais eram que os últimos esforços de sua vida. Alguns segundos antes de seu fim ele persignou-se com firmeza e de plena consciência. Aleksey Stepanovich Khomyakov morreu em paz”. Ele morreu assim porque seu coração sentiu o toque vivo do poder divino ao qual ambicionava – o toque do poder que vence a morte, que dá às pessoas a certeza de uma vida futura rejubilante e pessoal. E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, disse o Salvador do mundo.

[*] Seja responsável por esta boa notícia; eu não me responsabilizo.

Fonte: Mitrofan Lodyzhensky, Light Invisible, Holy Trinity Publications, Jordanville, NY, EUA, 2011. pág. 177.

São Justino, o Filósofo




Antes de sua conversão, Justino (+165) era um proeminente acadêmico. Ao estudar as escolas modernas de filosofia – estoicos, pitagóricos entre outros – deteve-se no neoplatonismo, cuja filosofia supostamente percebia a Divindade. Porém esta filosofia tampouco o satisfez. Foi então que interessou-se pelo Cristianismo. As acusações que os pagãos lançavam contra o Cristianismo nas quais em princípio ele acreditava provaram ser meras calúnias, enquanto os cristãos morriam tão corajosamente por sua fé. E eis que nesta época, exatamente quando despertava em Justino uma simpatia pelo Cristianismo perseguido, ele encontrou por acaso, à beira-mar, um mestre cristão – um ancião – cuja conversa influenciou sua decisão em converter-se ao Cristianismo. A conversa com o ancião foi longa, e sua substância foi puramente filosófica. Citaremos aqui apenas os momentos mais marcantes para Justino.

Eis como tudo aconteceu. Um dia, Justino, que vivia em uma cidade próxima ao mar (provavelmente Éfeso), estando ocupado na ocasião com pensamentos e questões sérias, saiu para caminhar em uma campina não muito distante da costa a fim de entregar-se às suas reflexões em solidão. Ele queria ficar a sós com seus pensamentos, mas conforme vagueava à beira-mar, notou que estava sendo seguido por um velho desconhecido, muito belo, que portava-se de maneira majestosa. Surpreso, Justino olhou em torno e, de maneira um tanto suspeitosa, fitou-lhe os olhos.

“Você me conhece?”, perguntou de repente o velho a Justino.

“Não”, respondeu Justino.

“Então por que você está olhando para mim?”

“Não esperava encontrar alguém aqui neste lugar quieto e tranquilo”, respondeu Justino.

Após estas palavras iniciais, travou-se uma conversa entre ambos. E esta conversa versou sobre questões filosóficas.

“Diga-me”, perguntou o velho a Justino a certa altura da conversa, “o que é filosofia e no que consiste sua felicidade?”

“A filosofia”, respondeu Justino, “é o entendimento de tudo o que existe e o conhecimento da verdade; a felicidade transmitida pela filosofia consiste na posse deste entendimento”.

Observe que o pagão Justino, o Filósofo, em essência disse exatamente a mesma coisa que encontramos hoje nos livros de nossa intelligentsia. Notamos que nada mudou nestas definições ao longo dos últimos dezoito séculos. A mente filosófica inquisitiva, naqueles tempos bem como hoje, encontram a felicidade no conhecimento. Todavia, o coração cristão, conforme aprendemos na Philokalia e na vida de Serafim de Sarov, encontra a felicidade antes de tudo na aquisição do Espírito Santo. E o conhecimento surge apenas depois, em função da consecução deste objetivo principal.

Bem, retornemos à conversa de Justino com o ancião cristão. Da filosofia o assunto da conversa mudou para o entendimento da Divindade, e eis que lhe pergunta o ancião a Justino: “Como podem seus filósofos helênicos raciocinarem corretamente acerca de Deus e afirmarem alguma verdade a Seu respeito se eles nunca viram a Deus, nunca ouviram a Deus e, portanto, nunca obtiveram conhecimento algum acerca dEle?”

Respondeu Justino: “O poder da Divindade não é visto com os olhos corporais. . . . Somente com a mente pode-se perceber a Deus. É isto o que ensina Platão, a cujos ensinamentos eu sigo”.

Dizendo isso, Justino foi levado por este assunto tão interessante. Ele começou a desenvolver perante o ancião a explicação de como, segundo a doutrina de Platão, a Divindade é percebida. Por fim, o ancião asseverou a Justino: “A mente do homem, se não for dirigida pelo Espírito Santo e iluminada pela fé (isto é, se não adquirir o Espírito Santo), é totalmente incapaz de conhecer e entender a Deus”.

E eis que o ancião começou a falar-lhe sobre o Espírito Santo, sobre o Salvador do mundo, sobre os profetas; e assim concluiu sua dissertação: “Em primeiro lugar, reze diligentemente ao Deus verdadeiro para que Ele lhe abra as portas da luz, pois somente aquele a quem o próprio Deus considerou digno de revelação pode contemplar e entender as coisas divinas; e Ele abre a todos que buscam a Ele em oração e dEle se aproximam com amor”. Dito isto, o ancião partiu.

Justino foi deixado a sós à beira-mar com seus pensamentos. Nunca mais encontraria o ancião, mas as palavras do ancião muito impressionaram ao filósofo. Justino expressou os sentimentos da ocasião desta forma:

“Uma espécie de chama explodiu dentro de mim, inflamando minha alma a esforçar-se em busca de Deus e aumentando em mim o amor pelo santos profetas e pelos amigos de Cristo. Ao ponderar sobre as palavras do [ancião], dei-me conta que a filosofia proclamada por ele era a única verdade; comecei então a ler os livros dos profetas e apóstolos e a partir daí tornei-me um verdadeiro filósofo, ou seja, uma verdadeiro cristão.”

Contudo, Justino só pôde ser tocado pelas palavras do mestre cristão porque seu coração já estava próximo de sentir a Deus. A razão superior de Justino, apesar de sua vida pagã, não estava completamente sufocada. O instinto desta razão foi despertado pelas inspiradoras palavras do ancião.

Fonte: Mitrofan Lodyzhensky, Light Invisible, Holy Trinity Publications, Jordanville, NY, EUA, 2011. Pág. 107-109. Trechos selecionados.

27 de dezembro de 2017

A razão superior e a razão inferior





“Imagine um círculo de cujo centro partem vários raios. Quanto mais esses raios se afastam do centro tanto mais se afastam uns dos outros; e, ao contrário, quanto mais se aproximam do centro tanto mais se aproximam uns dos outros. Suponha agora que este círculo seja o mundo, que o centro do círculo seja Deus e que as linhas retas (os raios), que vão do centro à circunferência ou da circunferência ao centro do círculo, são os caminhos das vidas das pessoas. E aqui também os santos entram no círculo em direção a seu centro desejando aproximar-se de Deus; quanto mais se aproximam do centro mais se aproximam de Deus e uns dos outros. . . . O mesmo vale para o movimento de afastar-se do centro. Quanto mais as pessoas se afastam de Deus, na mesma medida elas se afastam mais umas das outras e, quanto mais se afastam umas das outras, mais se afastam de Deus. Eis a qualidade do amor: quando mais nos afastamos e não amamos a Deus, mais as pessoas se afastam de seu próximo. Mas se amamos a Deus, então nos aproximamos dEle com amor a Ele, e assim mais nos unimos aos nossos semelhantes; e quanto mais nos aproximamos e unimos a nossos semelhantes, tanto mais próximos e unidos estaremos a Deus”. Abba Doroteu (Philokalia 2:617)

Ao ponderarmos sobre o profundo sentido deste ensinamento, seria impossível não reconhecer que a revelação evangélica sobre a luz do Logos, sobre a “luz dos homens”, é aqui expressa em sua plenitude. Segundo o esquema apresentado por Abba Doroteu, o homem, quando impregnado de amor espiritual, o qual une os homens a Deus, vive na esfera do Logos, ou seja, na esfera do poder que, de acordo com o Evangelho, cria a “luz dos homens”. Este círculo místico de Abba Doroteu é o símbolo desta esfera superior. O homem, abrangendo esta esfera com todo o seu ser, começa assim a extirpar-se do círculo das ideias no qual antes era bem sucedido. Ele começa então a viver fora deste círculo, no centro do qual imaginava estar, contrapondo o mundo inteiro à sua própria consciência.

Esta mesma consciência, a qual lhe parecia ser a plenitude de tudo, ele agora a reconhece como algo que se desenvolveu sob as circunstâncias de um ponto vista incompleto. Ele agora vê que sua razão, que lhe parecia tão poderosa, fora treinada em uma esfera limitada e encontra-se agora anormalmente desenvolvida. Ocorre portanto que a pessoa volta agora toda a sua psique para a consciência de uma outra razão – a razão superior, iluminada pelo Logos. E esta razão, concebida nos raios da graça divina, irradiando do centro da vida do mundo – esta razão, que se desenvolve dentro da pessoa, torna-se como sua própria fonte – o Logos. E eis que o leitor, graças a este brilhante esquema que nos apresenta Abba Doroteu, é agora capaz de alguma maneira entender estas palavras do Santo Evangelho: Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

Ora, mesmo que a razão inferior tenha sido capaz de formular as leis exatas da matemática e de sua ciência-irmã, a astronomia; mesmo que às apalpadelas tenha deduzido, do ponto de vista formal, o conhecimento das leis físicas; mesmo que tenha aperfeiçoado a tecnologia e começado a dominar a natureza; ainda assim há uma distância enorme entre isso e o domínio da verdade em questões existenciais, em questões relativas à alma humana, as quais lhe serão sempre um mistério insolúvel. Nosso intelecto mostra-se impotente também para solucionar outras questões aparentadas à alma humana, quais sejam, as questões morais.

A razão inferior, em virtude de sua própria essência, por sua própria natureza, é incapaz por suas próprias forças de ganhar algum entendimento sobre essas questões. As qualidade que caracterizam a natureza da razão inferior podem ser estudadas ao analisarmos a própria essência da razão.

O intelecto humano, ao distinguir claramente entre o “eu” e o “não-eu”, concebe em plenitude apenas a si mesmo, e tudo o mais concebe como sendo fora e estranho a si. Essencialmente, a primeira e fundamental característica do intelecto é isolar-se do mundo exterior, isolando o sujeito do objeto.

Desta característica fundamental do intelecto nascem outros traços característicos: seu egocentrismo e seu egoísmo. O intelecto humano inclina-se a tomar em conta suas próprias habilidades e talentos de um ponto de vista unilateral, isto é, a partir do exercício de seu direito de influenciar o mundo exterior a si.

Em consequência disso, o homem que em si desenvolveu tal consciência, com suas observações e ambições egocêntricas, colide com alguém semelhante a si, alguém que bloqueia seu caminho, e eis que é perfeitamente natural que esteja inclinado a dizer a este: “Eu existo, não me aborreça. Você e sua existência interferem na minha vida; desapareça suma da minha frente”.

Na razão inferior desenvolve-se também a qualidade de não pensar em si de maneira desapaixonada, mas com certa autossatisfação provocada pelos resultados obtidos por meio do esforço, na consciência de seu próprio esforço, de seu próprio poder e superioridade. O espírito do orgulho auto-afirmado é um atributo deveras natural da razão inferior humana. A razão inferior torna-se inclinada a valorizar a verdade não enquanto tal, mas como sua própria criação, e eis porque na grande maioria dos casos ela perde o verdadeiro critério que distingue a verdade da ilusão.

Além disso, o intelecto humano é educado numa atmosfera muito distante daquela que no homem conduziria a uma especulação imparcial, inobscura. Esta atmosfera na qual as pessoas vivem, inclusive os filósofos, é uma atmosfera de presunção, e todos sabemos como é difícil e às vezes mesmo impossível de dissociar-se das sociedades presunçosas inerentes a esta ratio.

As pessoas se enganam redondamente ao supor que o intelecto humano tem a qualidade de sempre ser objetivo, que ele pode facilmente livrar-se das tais sociedades que mencionamos. Mesmo as mentes mais brilhantes não estão livres de erros pois consideram como livres decisões de suas consciências as conclusões a que chegam, as quais, na verdade, enraízam-se na sede do intelecto em glorificar-se a si mesmo e atribuir importância exagerada a seus próprios poderes.

Consideremos agora a razão superior. A verdade basilar, a que determina o sentido da vida, a que ilumina a consciência humana com sua luz, procede não do pensamento racional, mas do coração do homem (de sua esfera emocional). O coração apreende a verdade de uma maneira especialmente sua, por meio de um processo especialmente próprio de penetração, de intuição especial, a qual para nosso cérebro é algo elusivo e incompreensível. Este processo de penetração intuitiva – um processo cuja raiz (alimento) reside na esfera das emoções (das emoções superiores), um processo concebido no coração, impoluto pelas paixões malignas, mas sim combatendo-as – consiste a obra da razão superior, o germe da qual vive no coração de todos os homens. O germe da razão superior que vive no interior do coração pode ser desenvolvido pelo homem a ponto de atingir a consciência, isto é, a sensação do “eu” superior do homem, complemente independente do cérebro, na esfera de seu coração.

Durante a oração mental a pessoa que reza deve extinguir a consciência de sua razão inferior (consciência cerebral) e acender sua outra consciência – a consciência da vida do coração. Somente durante a oração, graças à influência da graça divina, a vida da razão superior pode manifestar-se de alguma forma sua plenitude e força. A percepção desta vida sob estas condições é tão intensa que o homem torna-se incônscio de sua consciência cerebral (ratio).

Em cada um de nós cintila o germe desta razão superior – razão que pode desenvolver-se nos sentimentos exaltados do coração – sentimentos de amor e unidade. Mas a consciência disto não é dada a todos, pois nossa vida passa-se inteiramente na esfera racional (na esfera mental), profundamente envenenada pelo egoísmo de cada um de nós. E a imensa maioria das pessoas vive semi-anestesiada deste “eu” superior, semi-anestesiada de sua razão superior. Mas se por algum motivo ou circunstância na vida do homem sua razão superior deixa sua condição letárgica, e por isso esta razão começa a crescer nele, então todo seu ser, todas as suas percepções acerca do mundo e seus arredores, toda sua sabedoria, transformam-se. O homem como que renasce. Aspirando em seu coração ao Logos, ele começa a entregar-se a um propósito grandioso, a um serviço grandioso.

Note-se que tal desenvolvimento da razão superior se dá de maneira totalmente independente ao desenvolvimento intelectual do homem.

Versemos sobre as principais qualidades características da razão superior.

Uma das características basilares é a capacidade de sentir e conhecer a Deus. Note-se que na grande maioria dos casos, o processo de perceber a Deus não é alcançado de maneira repentina, mas por meio de um desenvolvimento consistente e gradual. O germe da razão superior começa a crescer, aquecido pelos raios do poder super-universal chamado pelos teólogos cristãos de graça divina. E eis que se desenvolve a capacidade nesta razão de sentir a Divindade. Esta primeira e vaga sensação da Divindade transforma-se em uma poderosa emoção em direção a Deus.

A algumas pessoas especialmente dotadas que progridem em direção à perfeição por meio de empenhos sublimes (esforço espiritual) dentro dos quais pode se desenvolver uma faculdade especial da razão superior – a faculdade da “visão espiritual” penetrar no mundo espiritual superior, faculdade essa que chamo de super-consciência espiritual.

É precisamente na ação da graça divina em que consiste a diferença esta super-consciência e a super-consciência mental (natural), cujo órgão – o intelecto ou razão inferior – reside no cérebro. (É com esta super-consciência mental que um yogi se empenha em domar os poderes astrais e mentais, por meio de sua influência pessoal e por meio dos impulsos que brotam de si mesmo, do yogi, e não da graça divina que ofuscam o asceta cristão).

A faculdade da razão superior para a super-consciência espiritual pode engendrar ainda outras faculdades místicas – a faculdade da clarividência, das profecias, das visões espirituais, dos chamados milagres, e dos êxtases espirituais superiores. Estas faculdades muitas vezes são involuntárias e inesperadas. No entanto, os yogis (e os ocultistas) obtêm estas faculdades, conforme afirmado pelo asceta hindu Vivekananda, mediante exercícios cerebrais – são obtidos mediante uma ginástica dos poderes psíquicos, tendo como alvo levar a pessoa a uma percepção e influência ultrafísica pré-determinada.

Uma das qualidades mais refinadas e superiores da razão superior, a qual em nossa época tem sido especialmente sufocada, é a presença da consciência interior. Esta consciência interior é um sentimento especial de temor à repreensão interior. Em nossa época, esta consciência, este sentimento sublime do coração, é substituído na grande maioria dos casos por outra consciência, por outra sensação, característica da razão inferior, que é um temor não de repreensão interior, mas de repreensão exterior, ou seja, temor de um julgamento enunciado pelas pessoas ao redor, temor de sentir seu amor próprio e sua presunção feridos.

Outra qualidade característica da razão superior é sua inusitada simplicidade. Todos nós sabemos por experiência própria como é convoluto e excêntrico o raciocínio humano, e como adorna-se de inúmeras e complexas associações de ideias intrusas. Diametralmente oposta a esta complexidade, a razão superior possui a qualidade da simplicidade.

Interessante notar que uma das características da razão superior no que tange a relação com o mundo exterior, uma característica marcadamente distinta, é a ambição pelo sacrifício, pois esta razão é alimentada pelo amor divino, é alimentada por emoções sublimes, cuja natureza consiste em esquecer-se completamente em benefício do próximo. Enquanto isso, a natureza da razão inferior inclina-se, ao contrário, a revelar-se não em sacrifícios, mas em compreender, alcançar, dominar, em esforçar-se para a superioridade egocêntrica, em esforçar-se em conquistar poder e bens materiais.

Por fim, cabe lembrar que a razão superior, aliada a seu crescimento e desenvolvimento, também possui a qualidade de modificar a própria ratio, de convertê-la a si, de adaptar a razão inferior a seus propósitos superiores.

Fonte: Mitrofan Lodyzhensky, Light Invisible, Holy Trinity Publications, Jordanville, NY, EUA, 2011. Pág. xiii-xxvii. Trechos selecionados.

25 de dezembro de 2017

A psicoterapia de Albert Ellis























Fonte: Albert Ellis & Robert Harper, A Guide to Rational Living, 3a edição, 1997, Wilshire Book Co., Woodland Hills, CA, EUA.