21 de janeiro de 2010

As seis coisas que os demônios mais temem


Os demônios têm grande temor pelas seguintes seis virtudes: 1) fome, 2) sede, 3) a Oração de Jesus, 4) o sinal da Cruz, isto é, quando o sinal da Cruz é feito corretamente em si próprio, 5) a comunhão frequente dos puríssimos mistérios de Cristo, desde que sejam comungados com retidão e 6) fé inabalável em Deus. Não há arma mais aterradora contra os demônios do que esta.

(São Paísio Velichkovsky, Field Flowers, pág. 119.)

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No diabo não há verdade. Ele é a fonte de toda forma de mentira. "Porque o diabo peca desde o princípio" e desencaminha a humanidade para o pecado. Satanás não é apenas um conceito negativo de mal, mas, pelo contrário, é um poder real. Ele tem livre arbítrio, "ardis" e "ciladas". O diabo é uma força pessoal capaz de perceber, mesmo antes da Ressurreição, que Cristo é o Filho de Deus. Sob seu comando, ele possui legiões inteiras de demônios e poderes invisíveis, sendo que alguns são mais malignos que outros. O diabo e seu exército de demônios têm as mesmas doutrinas. Portanto, existe "sabedoria diabólica", "a sabedoria dos príncipes deste mundo". Os demônios sabem que existe apenas um Deus, e por meio de seus ataques contra Cristo eles perceberam Sua divindade. Eles sabem quem são os verdadeiros seguidores de Cristo. Mas os cristãos também conhecem os "ardis" do diabo. Os demônios instigaram a Crucificação de Cristo. Porém, eles não conhecem a sabedoria de Deus pois, do contrário, não o teriam crucificado. Satanás, como Deus, possui fiéis e seguidores. A idéia de que Satanás seja um instrumento da ira divina (o que é típico da teologia ocidental pós-Agostinho) ou de que o poder e a energia do diabo sejam apenas uma ilusão está em total desacordo com os testemunhos bíblicos e patrísticos.

(Pe. John Romanides, The Ancestral Sin, pág.75-76.)

[O ícone acima mostra o diabo disfarçando-se de anjo de luz na tentativa de dissuadir São Pedro, o Atonita, (+734) a continuar na vida monástica. São Pedro foi o primeiro monge a habitar o Monte Athos e sua história foi contada em detalhes por São Gregório Palamás.]

18 de janeiro de 2010

As cinco chaves para a leitura da Bíblia

Segundo o Pe. John Romanides (de abençoada memória), a única maneira de compreendermos adequadamente os fatos históricos acerca da Igreja Ortodoxa, sobretudo em seus primeiros séculos, é não permitir que as crenças particulares do historiador ou do teólogo sejam injetadas nos eventos históricos. A única historiografia válida é aquela na qual as descrições dos próprios Padres da Igreja sejam levadas em conta, pois, afinal, ela incorpora as próprias descrições e intenções dos Apóstolos e do próprio Cristo.

Para isso, o Pe. John julgava indispensável que os estudiosos da Bíblia se livrassem das premissas da tradição franco-latina agostiniana e adotassem as seguintes "chaves" (ou premissas) patrísticas:

1) O fundamento, o núcleo mesmo, da tradição bíblica é que a religião é uma doença específica que precisa de uma cura específica. É isto que "não há Deus exceto Yahweh" quer dizer. Ignorar esta primeira chave fundamental significa ignorar também a segunda chave.

2) Há uma clara distinção entre os termos bíblicos que denotam aquilo que é "incriado" e aquilo que é "criado". Sem este contexto, a terceira chave bíblica é incompreensível.

3) "É impossível expressar Deus, e ainda mais impossível concebê-Lo" [1]. Em outras palavras, não há qualquer similaridade "entre o criado e o incriado". Quem quer que imagine que as expressões bíblicas transmitam conceitos acerca de Deus está redondamente enganado. Quando usadas corretamente, as palavras e conceitos bíblicos conduzem à purificação e iluminação do coração, que por sua vez conduzem à glorificação; mas elas mesmas não são a glorificação. A quarta chave é parte integrante e essencial das três chaves anteriores.

4) A cura da doença da religião, em todos os seus estágios, envolve "a transformação do amor egoísta, que busca sua própria felicidade" no "amor desinteressado da sua própria crucificação, o qual é glorificação". Esta glorificação, portanto, não é apenas a glorificação do Senhor da Glória encarnado, "mas também é a glorificação de todos os profetas e apóstolos enviados antes e depois da Encarnação do Senhor da Glória" [2]. Estas quatro chaves bíblicas dão o contexto para a quinta.

5) As expressões bíblicas sobre Deus não foram feitas para transmitir conceitos acerca de Deus. Elas existem apenas como guiamento para a purificação e iluminação do coração e, por fim, para a glorificação mediante o Senhor (Yahweh) de Glória Pré-Encarnado e Encarnado. Esta glorificação é a visão de Deus por meio de Sua glória ou reinado incriado. As expressões bíblicas não são, de maneira alguma, símbolos efêmeros criados e conceitos acerca de Deus, como no caso da tradição agostiniana.

Notas:

[1] St. Gregory the Theologian, Theological Orations, 2.4.

[2] John S. Romanides, "Pecado Ancestral" (em grego), Atenas, 1957, pág. 82, nota 7, na qual São Gregório Palamás explica que é impossível se reconciliar com Deus sem participar nos mistérios da Cruz, a qual opera em todos que alcançaram a glorificação, tanto no Velho quanto no Novo Testamento, até hoje.

17 de janeiro de 2010

Diálogo entre um teólogo ortodoxo e um teólogo escolástico

Este pequeno diálogo foi criado por John Sanidopoulos e resume as divergências fundamentais entre as teologias ortodoxa e escolástica. Ele já havia sido traduzido anteriormente, mas resolvi republicá-lo com pequenas alterações por julgar ser uma síntese genial e uma introdução segura à teologia da Igreja Ortodoxa. O autor inspirou-se no Pe. John Romanides (de abençoada memória), este grande expositor e confessor da fé cristã ortodoxa.

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Uma refutação ortodoxa do fundamento da teologia ocidental conforme exposta por Tomás de Aquino. (O = teólogo ortodoxo; E = teólogo escolástico)

O – Deus é imutável?
E – Sim.
O – Deus é pura simplicidade (actus purus)?
E – Sim.
O – A pura simplicidade de Deus serve para proteger a imutabilidade de Deus?
E – Sim.
O – Se Deus é pura simplicidade sem qualquer complexidade, então você diria que não há potencialidade em Deus?
E – Sim.
O – Se não há potencialidade em Deus, então essência, existência e energia divinas são coisas idênticas?
E – Sim.
O – Se essência, existência e energia divinas são coisas idênticas, então Deus está apenas em estado de plena atividade (energia)?
E – Sim.
O – Então você concordaria que se Deus está em estado de plena atividade, isso se dá por necessidade?
E – Sim.
O – E não há distinção entre a ação e poder de Deus de Sua essência?
E – Não, Deus é pura energia.
O – Você distingue as energias de Deus dos atos de Deus?
E – Não, ambos são a mesma obra criada de Deus.

A teologia ortodoxa difere da teologia escolástica no núcleo mesmo de sua doutrina. Os Padres gregos são claros ao ensinarem que Deus não é actus purus, mas que Ele possui muitas energias e poderes (potencialidades), os quais estão intrinsecamente unidos – nem separados nem confundindo-se uns com os outros – na essência intrinsecamente, incorruptivelmente e inconcebivelmente simples da divindade una e triádica. A imutabilidade de Deus não tem necessidade de ser protegida pelo actus purus. Não há necessidade alguma de actus purus. Ao contrário, ela é protegida pela incompreensível e incomunicável essência de Deus.

Tomás de Aquino insere a energia divina na essência divina a pretexto de necessidade. A Igreja Ortodoxa consideraria uma blasfêmia que Deus tivesse que agir por imposição de uma necessidade, pois Deus existe em Sua essência e em Suas três hipóstases. Deus não é um Ser regido por Sua energia, mas Ele mesmo regula Sua energia. Deus não é pura energia, mas é o próprio energizador.

Os Padres da Igreja ensinam que Deus é o energizador, enquanto a energia é a atividade incriada de Deus, e a obra manifestada (ou criatura) é o ato de Deus. O Ocidente, entretanto, não distingue a energia de Deus dos atos (obras) de Deus. A energia de Deus é melhor traduzida como atividade do que como ato. O ato final, de fato, é criado, mas a atividade em si é incriada. A atividade é também conhecida como graça, e se é incriada então é divina.

Inferir que a graça (energia) de Deus é criada é uma heresia, a qual logicamente implica em total ateísmo e/ou em mitologia grega. De acordo com os Padres da Igreja, a energia criada sempre implica em uma natureza criada; uma energia incriada implica em uma essência incriada.

12 de janeiro de 2010

Calculando o Natal

por William J. Tighe

Muitos cristãos pensam que celebramos o nascimento de Cristo em 25 de dezembro porque os Padres da Igreja se apropriaram da data de um festival pagão. Praticamente ninguém se importa com isso, exceto por alguns grupos extremistas de evangélicos norte-americanos, que crêem que isto faz do Natal uma festa pagã. Mas é importante saber que a escolha do 25 de dezembro é resultado de várias tentativas dos primeiros cristãos de descobrir a data do nascimento de Jesus, baseadas em cálculos que não tinham relação com festividades pagãs.

Pelo contrário, ao instituir o festival pagão do "Nascimento do Sol Invicto" em 25 de dezembro de 274, o imperador romano Aureliano certamente tentou criar uma festividade pagã para competir com uma data que já possuía certa importância para os cristãos romanos. Portanto, o mito das "origens pagãs do Natal" é totalmente desprovido de bases históricas.

Um erro

Devemos a idéia de que a data foi apropriada dos pagãos a dois estudiosos do final do século XVII e início do século XVIII: Paul Ernst Jablonsky, um protestante alemão que desejava mostrar que a celebração do nascimento de Cristo em 25 de dezembro era apenas uma das inúmeras "influências" pagãs adotadas pela Igreja a partir do século IV e que transformara o cristianismo apostólico puro no catolicismo romano; e Dom Jean Hardoiun, um monge beneditino que tentou mostrar que a Igreja Católica Romana adotara festivais pagãos para cristianizá-los sem, no entanto, corromper o evangelho com influências pagãs.

No calendário juliano, criado em 45 a.C. pelo imperador Júlio César, o solstício de inverno caía em 25 de dezembro e, portanto, parecia óbvio a Jablonsky e Hardoiun que a data fora importante para os pagãos. Mas, na verdade, tal data não possuía importância religiosa no calendário de festividades pagãs romanas antes da época de Aureliano, tampouco o culto ao sol fora importante em Roma antes de seu governo.

Havia dois templos solares em Roma: um deles, mantido pelo clã ao qual Aureliano pertencera, e que celebrava seu festival em 9 de agosto; e outro que celebrava seu festival em 28 de agosto. Mas ambos os cultos caíram em decadência por volta do século II, quando cultos solares orientais, como o mitraísmo, tornaram-se populares em Roma. De qualquer modo, nenhum destes cultos, novos ou antigos, celebravam festivais relacionados a solstícios ou equinócios.

O que realmente ocorreu é que Aureliano, que governou de 270 até seu assassinato em 275, era hostil ao Cristianismo, e aparentemente promoveu e estabeleceu o festival do "Nascimento do Sol Invicto" como um meio de unificar diversos cultos pagãos do Império Romano através do "renascimento" anual do sol. Durante seu governo o império parecia desmoronar devido à desordem interna, rebeliões nas províncias, decadência econômica e ataques contínuos das tribos germânicas ao norte, e dos persas à leste.

Com a criação da nova festividade o imperador pretendia que o 25 de dezembro – que iniciava o período do ano em que os dias eram mais longos e as noites mais curtas – se tornasse um símbolo do esperado "renascimento" ou renovação perpétua do Império Romano, resultado da retomada do culto a deuses que, no passado, haviam levado Roma à grandeza – segundo criam os romanos. Se a data coincidisse com uma festa cristã, melhor ainda.

Uma conseqüência

É certo que a primeira evidência que temos da celebração da festa cristã do Natal do Senhor em 25 de dezembro data de 336 d.C., anos após o fim do governo de Aureliano. Mas há evidências de que, já nos século II e III, tanto no Oriente grego quanto no Ocidente latino, os cristãos tentavam descobrir a data do nascimento de Cristo antes mesmo dela tornar-se uma celebração litúrgica. Evidências indicam que, na verdade, a escolha da data de 25 de dezembro foi uma conseqüência de tentativas de se determinar a celebração da Páscoa.

Como isso ocorreu? Há uma contradição aparente entre a data da morte do Senhor segundo os Evangelhos sinópticos e o Evangelho de São João. Os sinópticos marcam sua morte na Festa da Passagem, após o Senhor celebrar da Ceia na noite anterior. João marca sua morte na véspera da Festa da Passagem, quando os cordeiros eram sacrificados no templo de Jerusalém para a festa que teria início após o sol se pôr naquele dia.

Para solucionarmos esse problema devemos responder se a Última Ceia do Senhor foi uma ceia celebrada na Festa da Passagem, ou uma refeição ocorrida na véspera. A questão é muita longa para abordamos aqui, mas basta dizer que a Igreja primitiva seguia a data de São João, e portanto cria que a morte de Cristo ocorrera em 14 de Nissan, segundo o calendário lunar judaico.

Aliás, muitos estudiosos contemporâneos postulam que a morte de Cristo só poderia ter ocorrido em 30 ou 33 d.C., já que somente nestes dois anos a véspera da Festa da Passagem caíra em uma sexta-feira, sendo os possíveis dias de sua morte 7 de abril do ano 30, ou 3 de abril do ano 33.

Porém, com sua forçosa separação do Judaísmo, a Igreja passou a adotar calendários distintos, e teve de obter meios próprios para determinar a celebração da Paixão de Cristo de modo independente dos cálculos feitos pelos rabinos judeus que determinavam a data da Festa da Passagem. Além disso, como o calendário judaico era um calendário lunar composto de doze meses de trinta dias, de tempos em tempos o Sinédrio decretava a adição de um 13º mês para que o calendário acompanhasse os equinócios e solstícios, e as estações do ano caíssem na época apropriada do calendário.

Além da dificuldade que os cristãos teriam em seguir, ou mesmo saber com precisão, a data da Festa da Passagem a cada ano, seguir um calendário lunar próprio lhes causaria problemas com os judeus e pagãos, e muito provavelmente causaria disputas internas – como as disputas do século II sobre se a Páscoa deveria sempre ser celebrada em um domingo ou em qualquer dia da semana que caísse dois dias depois do dia 14 de Nissan. Seguir um calendário lunar pioraria ainda mais tal situação.

Tais dificuldades foram solucionadas de modo diferente entre os cristãos gregos da porção oriental do império e os cristãos latinos da parte ocidental. Os gregos aparentemente desejavam encontrar uma data equivalente ao 14 de Nissan em seu calendário solar, e como o mês de Nissan coincidia com o equinócio de primavera, ele escolheram o 14º dia de Artemísion, mês do equinócio de primavera em seu próprio calendário. Por volta de 300 d.C., o calendário grego foi substituído pelo calendário romano, e como as datas de início e fim dos meses em ambos os calendários não coincidiam entre si, o 14 de Artemísion tornou-se 6 de abril.

Por sua vez, os cristãos latinos de Roma e do norte da África do século II aparentemente desejavam estabelecer uma data histórica para a morte de Nosso Senhor. Na época de Tertuliano (c. +230), eles decidiram estabelecer que a data da sua morte fora em uma sexta-feira, 25 de março do ano 29 (é importante notar que esta data estava errada; 25 de março de 29 não era uma sexta-feira, e naquele ano a véspera da Festa da Passagem não caíra em uma sexta-feira, tampouco em 25 de março).

Era de Integração

Portanto no Oriente tínhamos o 6 de abril, e no ocidente o 25 de março. Aqui devemos explanar uma crença que era corrente no Judaísmo na época de Cristo, mas que como não se encontra na Bíblia, é desconhecida dos cristãos: a idéia de uma "era de integração" dos grandes profetas judaicos, a idéia de que os profetas de Israel morreram na mesma data de sua concepção.

Esse conceito é um fator chave para compreendermos como alguns cristãos primitivos vieram a crer que 25 de dezembro é a data do nascimento de Cristo – eles aplicaram esta idéia a Jesus, de modo que 6 de abril e 25 de março não eram apenas as supostas datas da morte de Cristo, mas também de sua concepção ou nascimento. Há evidência fugaz de que alguns cristãos dos séculos I e II criam que o nascimento de Cristo era 25 de março ou 6 de abril, mas a data de 25 de março logo ganhou aceitação entre os cristãos como a data da Concepção do Senhor.

Ainda hoje esta data é comemorada pela maioria dos cristãos como a Festa da Anunciação, quando o Arcanjo Gabriel trouxe a Boa-nova do Salvador à Virgem Maria, que por seu consentimento possibilitou que o Eterno Verbo de Deus ("Nascido do Pai antes de todos os séculos: Luz de Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro") se encarnasse em seu ventre. E quanto tempo dura uma gravidez? Nove meses. Se contarmos nove meses a partir de 25 de março, chegamos a 25 de dezembro; fazendo o mesmo com o 6 de abril, temos 6 de janeiro. Em 25 de dezembro celebramos o Natal, e em 6 de janeiro, a Epifania.

O Natal (25 de dezembro) é uma festa originária do Ocidente cristão, que foi introduzida em Constantinopla por volta de 379 ou 380. Em um sermão de São João Crisóstomo, que na época era um renomado asceta e pregador em Antioquia, vemos que a festa foi celebrada pela primeira vez em sua cidade natal em 25 de dezembro de 386. A partir dos grandes centros urbanos, a festa se difundiu em todo o Oriente cristão, sendo instituída em Alexandria no ano 432, e em Jerusalém por volta de um século depois. Somente a Igreja da Armênia não adotou esta tradição, e até hoje celebra o Natal de Cristo, a adoração dos Reis Magos e o Batismo do Senhor em 6 de janeiro.

As igrejas ocidentais, por sua vez, adotaram posteriormente a Festa da Epifania, celebrada no oriente em 6 de janeiro, entre os anos 366 e 394. Mas no ocidente a festa era celebrada geralmente como a visita dos Reis Magos ao menino Jesus, e como tal, era uma festa importante, mas não pertencia às grandes festas da Igreja – um visível contraste com o Oriente, onde a Epifania ainda é, depois da Páscoa, a festa mais importante do calendário litúrgico.

No Oriente cristão, a Festa da Epifania é mais popular que o Natal. O motivo é que esta festa celebra o Batismo de Cristo no Rio Jordão, quando a Voz do Pai e a descida do Espírito Santo manifestaram aos homens, pela primeira vez, a divindade do Cristo Encarnado e a Trindade Divina.

Uma festa cristã

Portanto a escolha do 25 de dezembro como data do nascimento de Cristo não possui relação alguma com supostas influências pagãs que adentraram a Igreja durante ou após o reinado de Constantino. É altamente improvável que esta seja a verdadeira data do nascimento de Cristo [o autor não explica o porquê de tal improbabilidade, uma vez que há uma linha historiográfica que confirma o nascimento de Cristo em 25 de dezembro - N. do E.], mas deve suas origens aos esforços dos cristãos latinos dos primeiros séculos em determinar a data precisa da morte de Cristo.

E a festa pagã instituída pelo imperador Aureliano em 274 foi não somente uma tentativa de utilizar o solstício de inverno para fins políticos, mas também uma tentativa de dar um significado pagão a uma data que já era importante aos cristãos romanos. Estes, por sua vez, posteriormente fizeram uso da coincidência com a festa pagã do "Nascimento do Sol Invicto" para se referir ao nascimento de Cristo como o nascimento do "Sol da Salvação" ou "Sol da Justiça".

William J. Tighe, correspondente da Touchstone, é professor de História da Faculdade Muhlemberg. Ele indica aos leitores interessados o livro The Origins of the Liturgical Year, de Thomas J. Talley, publicado pela editora The Liturgical Press.


Tradução: Ricardo Williams