17 de agosto de 2007

Como salvar tua alma

São Teófano, o Recluso

O que responder a aquele que pergunta: “Como salvar minha alma?”

Isto: Arrependa-te e, fortalecido pelo poder da graça nos Santos Mistérios, trilha o caminho dos mandamentos de Deus sob a direção que a Santa Igreja te deu por meio de seus sacerdotes. Tudo isso deve ser feito com um espírito de fé sincera, sem reservas.

Mas o que é fé?

Fé é a confissão sincera de que Deus, adorado na Trindade e criador e provedor de tudo, salva a nós, os caídos, por meio do poder da morte na Cruz do Filho de Deus, pela graça do Espírito Santo em Sua Santa Igreja. Os princípios da renovação, estabelecidos nesta vida, surgirão em toda sua glória no século dos séculos, de uma maneira que a mente não consegue compreender nem a língua expressar.

Ó, Deus nosso, como são grandes Tuas promessas!

Como, então, trilhar o caminho dos mandamentos de maneira inabalável?

Não é possível responder a esta pergunta em poucas palavras, pois a vida é algo complexo. Eis o que é necessário:

a) Arrependa-te, e voltando-te ao Senhor, admita teus pecados, chora por eles com coração contrito, e confessa-os ao teu pai espiritual. Prometa em palavra e em coração, perante a face do Senhor, não mais ofendê-Lo com teus pecados.

b) Assim, obedecendo a Deus em mente e coração, esforça-te a cumprir corporalmente os deveres e questões que tua vida lhe impõe.

c) Acima de tudo, guarda teu coração dos maus pensamentos e sentimentos – orgulho, convencimento, raiva, julgamento, ódio, inveja, desdém, desânimo, apego a coisas e pessoas, pensamentos dispersos, ansiedade, todos os prazeres sensuais e tudo o que separa a mente e o coração de Deus.

d) Para que permaneças firme no caminho, decide, antes de mais nada, a não se negar àquilo que reconheces como necessário, mesmo que isto signifique a morte. Para conseguir isto, quando te resolveres a cumprir tal decisão, ofereça tua vida a Deus para que não vivas para ti, mas para Deus somente.

e) Viver assim é ofertar-te a Deus, e não depender de ti próprio; a arena espiritual desta vida é a paciência, ou seja, uma postura inabalável nas fileiras da vida redimida, esforçando-te alegremente em meio a todos os desconfortos e desprazeres a ela relacionados.

f) O sustento da paciência é a , ou a garantia de que, esforçando-te desta maneira para Deus, tu serás Seu servo e Ele será teu Mestre, que vê todos os teus esforços, regozija-Se neles e os valoriza; a esperança de que o sempre-protetor auxílio de Deus estará pronto e a te esperar, e descerá sobre ti quando precisares, de que Deus não te abandonará no fim da tua vida e, preservando-te enquanto fiel a Seus mandamentos, em meio às tentações, te guiará pela morte a Seu Reino eterno; o amor, que medita dia e noite no querido Senhor e em tudo procura agradá-Lo, evitando a todo custo ofendê-Lo em pensamento, palavras e obras.

g) As armas dessa vida são: a oração na igreja e em casa, especialmente a oração mental; o jejum, de acordo com as forças de cada um e as regras da Igreja; vigilância; solidão; trabalhos físicos; confissão freqüente de pecados; Santa Comunhão; leitura da Palavra de Deus e das obras dos Santos Padres; conversas com pessoas piedosas; consulta constante ao pai espiritual sobre todos os eventos externos e internos da vida. O fundamento de todos esses labores em medida, tempo e espaço é a sabedoria, aconselhando-te com aqueles que têm experiência.

h) Guarda-te com temor. Para isso, lembra-te do fim – morte, julgamento, inferno, o Reino Celestial. Acima de tudo, esteja atento a ti mesmo: preserve tua mente sóbria e teu coração despreocupado.

i) Estabeleça como objetivo o ardor do fogo do espírito, de maneira que arda em teu coração e, reunindo toda tua força, comece a edificar teu homem interior e, finalmente, queime as ervas daninhas de teus pecados e paixões.

Disponha tua vida desta maneira e, com a graça de Deus, tu serás salvo.

Orthodox Life, Vol. 27., No. 6 (Nov.-Dez., 1977), pág. 37-38.