2 de janeiro de 2024

Orgulho e preconceito


Ela [Mrs Bennet] era uma mulher de compreensão medíocre, pouca informação e de temperamento incerto. Quando descontente, imaginava-se nervosa. A razão de ser de sua vida era ver suas filhas casadas; seu consolo eram visitas e novidades.

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"Com o seu bom senso, ser tão honestamente cega aos desatinos e aos disparates dos outros! Fingir candura é muiito comum -- encontra-se em toda a parte. Mas ser cândida sem ostentação ou intenção -- apreender o bom do caráter de todos e torná-lo ainda melhor, e nada dizer de mau -- isso só pertence a você."

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"O orgulho", observou Mary se orgulhando de suas reflexões, "é uma falha muito comum, penso. Por tudo o que já li, estou convencida que é, de fato, muito recorrente, que a natureza humana é particularmente dada a isso e que há bem poucos de nós que não acalentariam um sentimento de autocomplacência no cômputo de uma ou outra qualidade, real ou imaginária. Vaidade e orgulho são coisas diferentes, embora as palavras geralmente sejam usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vã. O orgulho estã mais vinculado á nossa própria opinião de nós mesmos, e a vaidade, ao que achamos que os outros pensam de nós."

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"A cada dez casos, em nove uma mulher demonstra mais afeição do que ela sente".

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"Há um bom e velho ditado: 'Guarde seu fôlego para esfriar o seu mingau'."

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"Não tenho direito de dar minha opinião", disse Wickham, "quanto a ele [Mr. Darcy] ser agradável ou não. Não sou qualificado a ter uma. Conheço-o há tempos e muito bem, para ser um juiz justo. É impossível para mim ser imparcial. Mas julgo sua opinião sobre ele, em geral, surpeendente -- e talvez você não a expressasse assim tão fortemente em nenhum outro lugar. Aqui você estã com sua própria família".

Fonte: Jane Austen, Orgulho e Preconceito, Landmark Editora, São Paulo, Brasil, 2017.