12 de março de 2012

A impassibilidade de Deus



Podemos dizer que Deus é a superessência tripessoal, ou a tripessoalidade superessencial. O que esta superessência é, não sabemos. Mas ela existe em si mesma; assim como qualquer essência, porém, ela não é real exceto pelo fato de subsistir hipostaticamente em pessoas. Contudo, enquanto existência hipostática superessencial, Deus não está confinado a categorias de existência como as que conhecemos ou imaginamos, mas Ele as transcende. Pois todas as coisas que conhecemos como existentes extraem sua existência de outra coisa e, em sua existência, dependem de um sistema de referências. Isto remete a uma relatividade ou fraqueza de existências. Aquele que existe por Si mesmo, porém, possui uma existência livre de toda e qualquer relatividade. Ele não está integrado a nenhum sistema de referências e Ele não possui fraqueza alguma. Ele existe não apenas no sentido mais elevado possível, mas Ele também é uma existência superexistente.

Assim, Deus não mantém Sua existência passivamente, nem está Ele sujeito a paixões ou sofrimentos. Este é o significado da palavra grega apathes quando aplicada a Deus; apathes não quer dizer aqui "indiferente". A vida inteira de Deus é ato ou poder. Todos os Seus atributos Ele os têm em Si mesmo, e não mediante a participação em outras fontes. É por isso que Ele possui todos os atributos de modo incomparavelmente superior ao das criaturas, pois elas os possuem mediante a participação nos atributos de Deus, mediante Suas operações.

Pe. Dumitru Staniloae, The Experience of God Vol. 1 (Brookline, Massachusetts: Holy Cross Orthodox Press, 1998), 129-130. Extraído daqui.