21 de setembro de 2022

A prática apostólica do hesicasmo



São Paulo viveu durante o período inicial do desenvolvimento do que mais tarde seria chamado de misticismo Merkabah ("Carruagem") no contexto do mundo judaico do Segundo Templo. [1] Esse elemento místico do Judaísmo do século I seria mais tarde podado da tradição judaica rabínica, sobrevivendo apenas no Cristianismo. A tradição Merkabah (ou Carruagem) se refere especificamente ao trono-carruagem de Yahweh na visão de Ezequiel (cf Ezequiel 1), que foi carregado por quatro criaturas que apresentavam face de boi, leão, águia e ser humano. Dado que o primeiro templo já havia sido destruído nos tempos em que o Livro de Ezequiel foi redatado, Ezequiel vê o trono divino nos céus dos quais Yahweh governa a criação em vez de ver o Deus de Israel entronado no templo com o altar como escabelo como havia visto Isaías. No período do Segundo Templo, no qual São Paulo vivia, quando Israel já não se encontrava exilado, essa visão se tornou o paradigma a partir do qual as futuras visões seriam interpretadas, como uma visão do Deus de Israel em que o ser humano poderia experimentar sem perder sua vida.

O misticismo Merkabah, portanto, incluía meditar sobre a visão de Ezequiel na esperança de ver o que ele havia visto. Embora a maioria dos praticantes dessa forma de misticismo tenha admitido nunca haver recebido essa visão, relatos dos que a receberam estão registrados na literatura apocalíptica do período do Segundo Templo, na qual uma gramática comum começou a desenevolver-se a fim de descrever tais experiências visionárias. [2] Essas narrativas frequentemente descrevem um conjunto de céus, geralmente sete, pelos quais se ascende um a um. Nesse caminho os peregrinos eram auxiliados pela oração contemplativa, que centrava-se na repetição de trechos da Escritura, sobretudo na Shema (uma oração diária mais ou menos baseada em Deuteronômio 6:4, "Ouve, Israel, o Yahweh nosso Deus é o único Yahweh"). Também não eram incomuns os encontros e intercâmbios com seres angélicos enquanto ascendiam através dos diversos níveis celestes. Nas formas mais puras e elevadas dessas visões, a ascensão culminava na contemplação do trono-carruagem do Deus de Israel, no qual sentava-se a Glória de Deus ou a figura do Anjo do Sehor.

Há vários indícios nas cartas de São Paulo de que ele estava familiarizado com tais práticas místicas. O texto mais importante neste sentido é 2 Coríntios 12:1-6, no qual São Paulo descreve uma ascesão ao terceiro céu e depois ao Paraiso. Embora ele afirme que tenha ouvido de alguém esse relato, o consenso entre os Padres e estudiosos é que São Paulo estava descrevendo sua própria experiência, conforme aludida no versículo 6, quando ele afirma que se fosse gloriar-se de tal visão estaria dizendo a verdade. De qualquer forma, a visão e a linguagem que ele utiliza correspondem muitíssimo às antigas fontes do misticismo Merkabah. O "terceiro céu" (v. 2) e o Paraíso (v. 3) se referem a um conjunto de asceses. De maneira similar, ele menciona palavras inefáveis que ao homem não é lícito falar (v. 4).

Ao aceitarmos, portanto, que São Paulo era um praticante dessa tradição orante, uma nova perspectiva se abre para que entendamos sua visão de Cristo em Atos 9. É razoável crer que em sua longa jornada de Jerusalém a Damasco (deve ter levado no mínimo vários dias), São Paulo teria empregado boa parte do seu tempo em orações e meditações, especialmente nas horas dedicadas às orações. Isso significa que embora sua visão de Cristo tenha sido tão repentina a ponto de derrubá-lo, ela ainda assim situou-se dentro de seu campo interpretativo. No contexto da tradição mística Merkabah na qual ele estava imerso, essa visão deve ter sido considerada um dom concedido a pouquíssimas pessoas abençoadas por compartilhar a experiência de Ezequiel e dos demais profetas. No entanto, quando São Paulo recebe essa visão, não é a uma figura angélica que ele contempla, mas a Jesus Cristo sentado no trono-carruagem de Yahweh. A visão de São Paulo na estrada de Damasco lhe impõe a realidade inegável de que Jesus Cristo não é apenas o Messias, mas o próprio Deus. Esta é a base na qual São Paulo se assenta para afirmar em suas epístolas que Jesus Cristo é o Deus de Israel encarnado.

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Desde os tempos apostólicos que a ascensão de Cristo aos céus e Seu entronamento são fenômenos interpretados no contexto das asceses celestes e do trono-carruagem de Deus que já haviam ocorrido na religião e na prática mística do Segundo Templo. É por essa razão que, na tradição iconográfica ortodoxa, Cristo é visto entronado sobre as quatro criaturas da visão de Ezequiel. Estes ícones servem como uma meio visual de meditação paralelo à maneira como a meditação no Segundo Templo se concentrava em textos, neste caso no relato de Ezequiel. O Deus entronado das visões do Antigo Testamento Se fez conhecer através de Sua encarnação antes de ascender novamente à Sua glória anterior. Em vez de repudiar a prática mística, os primeiros cristãos, a exemplo de São Paulo, continuaram a recorrer à oração contemplativa, que para alguns culminava na visão de Cristo em Sua glórica incriada. Essa tradição, rejeitada no Talmude, prosseguiu no Cristianismo Ortodoxo, florescendo no que posteriormente se passou a chamar de hesicasmo. A Oração de Jesus, ao identificar Cristo como Senhor e Deus, substituiu a Shema por essa prática.

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São Paulo via o Cristo como a figura central na identidade de Yahweh no Antigo Testamento. Ele expressa essa ideia de maneira muito clara ao integrar a Pessoa de Jesus Cristo na confissão de fé do antigo Israel. Embora chamá-lo de "credo" seja um tanto anacrônico, o fato é que a Shema era tanto uma afirmação doutrinária quanto uma oração meditativa da fé dos judeus, inclusive de São Paulo. Em sua primeira epístola aos coríntios, São Paulo usa a forma grega deste texto sacro e o adapta. A forma grega do texto substitui o nome do Deus de Israel pela palavra Kyrios, ou seja, Senhor. Diz o seguinte: "Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele". (1 Coríntios 8:6)

São Paulo inseriu Jesus Cristo na Shema ao identificar o Deus único de sua confissão como o Pai e o Senhor único como Jesus Cristo. Ao modificar o grego do Deuteronômio, ele apresentou o Deus único de Israel, Yahweh, como duas hipóstases: o Pai e Jesus Cristo. Isso acaba servindo para identificar Jesus Cristo como a segunda hipóstase do Deus de Israel e, aliado ao que diz em Filipenses, O retrata como a Pessoa divina preexistente que Se fez carne nesses dias derradeiros.

São Paulo faz uso de tais construções linguísticas de maneira relativamente frequente. Em 1 Coríntios 12:4-6 ele correlaciona todas as três Pessoas da Santíssima Trindade mutuamente. A fórmula "o mesmo Espírito, o mesmo Senhor, o mesmo Deus" identifica os três como Pessoas distintas ao mesmo tempo que as une. A fórmula também enfatiza a tarefa comum que compartilham já que as três são consideradas de maneira igual. Bendições como as que lemos em 2 Coríntios 13:14 ("A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós") também situa a bênção do Deus de Israel na estrutura das três Pessoas.

Longe de revelar um estágio primitivo da crença cristã a respeito de Cristo, que mais tarde supostamente se desenvolveria em dogmas sobre a Santíssima Trindade e a Cristologia em geral, os textos de São Paulo revelam uma Cristologia e uma fé trinitária plenamente formadas. Esses textos primitivos do Novo Testamento foram capazes de já apresentar tal entendimento porque São Paulo estava interpretando a revelação de Jesus Cristo encarnado e a vinda do Espírito Santo através das lentes do entendimento judaico corrente a respeito do Deus de Israel. Em vez de inventar um meio-campo entre monoteísmo e politeísmo, São Paulo revela a verdadeira natureza das figuras divinas com as quais seus leitores já estavam familiarizados através da tradição na qual haviam recebido as Escrituras.

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A Revelação de São João apresenta repetidas vezes a imagem do trono de Yahweh, o Deus de Israel, reinando no céu em meio a Seu concílio divino. Em Relevação 4 ele descreve uma cena de adoração celestial ante o Senhor Deus de Israel extraindo sua linguagem diretamente e por várias vezes de Ezequiel 1. Deus Pai é por vezes descrito na Revelação como "o Único", uma clara referência à Shema. Ao mesmo tempo, quando Cristo aparece a São João (1:12-16), a descrição de Seu surgimento é uma combinação da descrição do Filho do Homem em Daniel 10 e a figura do trono em Ezequiel 1. Yahweh, o Deus de Israel, é Único, e mesmo assim as descrições proféticas a Seu respeito são distribuiídas na visão de São João entre a Pessoa do Pai e a Pessoa de Jesus Cristo.

[1] O misticismo Merkabah desenvolveu-se mais plenamente em paralelo ao Judaísmo Rabínico, embora como prática espiritual nunca tenha sido acolhido pela corrente principal dessa religião. No século X já se encontrava formalmente morto, embora elementos dessa prática persistam na tradição cabalística.

[2] Isso pde ser verificado sobretudo na literatura enóquica, assim como em outros apocalipses.

Fonte: Stephen De Young, The Religion of the Apostles: Orthodox Christianity in the First Century, Ancient Faith Publishing, Chesterton, IN, EUA, 2021, trechos selecionados.

19 de setembro de 2022

Os 6 cérebros e o método M-M


Eis os 6 cérebros reunidos em 4 pontos focais:

(1) Cérebro reptiliano (lagarto): tronco cerebral → respostas instintivas e primitivas (dor/prazer)

(2) Cérebro mamífero (emcional): sistema límbico → respostas pessoais e sociais

(3) Cérebro primata (cerebral): neocórtex → pensamentos concretos e abstratos

    (a) Hemisfério esquerdo → verbal e orientado a detalhes

    (b) Hemisfério direito → visual e holístico

(4) Cérebro intestinal (entérico): é o cérebro responsável pelo sistema segurança-perigo, funcionando como um radar. Quando algo lhe diz que não deveria embarcar nesse avião, ou quando você sente vibrações ruins vindo de alguém, ou quando você não confia numa pessoa mas não sabe por quê, ou quando você sente que uma ideia não é boa, ou quando você entra num determinado aposento e sente que a atmosfera está tão pesada que poderia cortá-la com uma faca: provavelmente essas situações retratam respostas do seu cérebro intestinal. O cérebro intestinal é tão importante que se ele morre, todo o corpo morre. O corpo pode viver sem o neocórtex, mas sem o cérebro intestinal morreria de imediato. Em suma, o cérebro intestinal está a cargo de verificar que não há nenhuma ameaça externa real. A ativação crônica do cérebro intestinal, seja por medo ou raiva, impacta diretamente na sua saúde e nos seus relacionamentos. 

(5) Cérebro cardíaco: como você sente seus sentimentos é uma escolha feita pelo coração. 

Os cérebros estão interconectados da seguinte forma:

    (a) Sistema de sobrevivência (ou experiencial): (1) + (4)

    (b) Sistema emocional (ou relacional): (2) + (5)

    (c) Sistema racional (ou cognitivo): (3a) + (3b)

Os 4 pontos focais para a respiração são:

    (a) Intestino: (1) + (4)

    (b) Coração: (2) + (5)

    (c) Cérebro esquerdo

    (d) Cérebro direito

Ambos cérebros também estão interconectados, mas a atenção que as pessoas prestam a seus pensamentos deixa claro que é melhor tratá-los de maneira distinta. Ademais, a troca natural entre os hemisférios pode ser facilmente curto-circuitada por meios psicológicos.

Método M-M (Mind-Move):

(1) Mova sua mente (atenção, consciência) para o intestino e, enquanto a move, inspire.

(2) Mova sua mente (atenção, consciência) para o coração e, enquanto a move, expire.

(3) Mova sua mente (atenção, consciência) para a mão esquerda e, enquanto a move, inspire.

(4) Mova sua mente (atenção, consciência) para a mão direita e, enquanto a move, expire.

Fonte: Kevin FitzMaurice, Breathe, FitzMaurice Publishers, Portland, EUA, 2010.

2 de setembro de 2022

As cinco linguagens do amor

 


O QUE ACONTECE COM O AMOR DEPOIS DO CASAMENTO?

Se falarmos apenas nossa língua materna e encontrarmos alguém que fale apenas sua própria língua materna, que é diferente da nossa, nossa comunicação será limitada. Devemos confiar em apontar, grunhir ou desenhar nossas ideias. Podemos nos comunicar, mas é estranho.

Este livro apresenta as cinco linguagens básicas de amor emocional — cinco maneiras que as pessoas falam e entendem o amor emocional. No campo da linguística uma língua pode ter inúmeros dialetos ou variações. Da mesma forma, dentro das cinco linguagens básicas de amor emocional, há muitos dialetos.  Maso importante é falar a linguagem amorosa do seu cônjuge. Raramente um marido e uma mulher têm a mesma linguagem de amor emocional primária.

MANTENDO O TANQUE DO AMOR CHEIO

A necessidade emocional de amor não é simplesmente um fenômeno da infância. Essa necessidade nos segue até a idade adulta e para dentro do casamento.  É fundamental para nossa natureza. Está no centro de nossos desejos emocionais. Precisaremos dele enquanto vivermos. O isolamento é devastador para a psique humana. No coração da existência da humanidade está o desejo de ser íntimo e ser amado por outro. O casamento é projetado para atender a essa necessidade de intimidade e amor.

APAIXONANDO-SE

No seu auge, a experiência de “apaixonado” é eufórica. Estamos emocionalmente obcecados um com o outro. Nossos sonhos antes do casamento são de felicidade conjugal.  Claro, não somos totalmente ingênuos. Sabemos intelectualmente que eventualmente teremos diferenças. Mas estamos certos de que discutiremos essas diferenças abertamente; um de nós estará sempre disposto a fazer concessões, e chegaremos a um acordo. É difícil acreditar em mais alguma coisa quando se está apaixonado. Infelizmente, a eternidade da experiência "apaixonada" é ficção, não fato.

A experiência de apaixonar-se não é o verdadeiro amor por três razões. Primeiro, apaixonar-se não é um ato de vontade ou uma escolha consciente. Não importa o quanto queiramos nos apaixonar, não podemos fazer isso acontecer. Segundo, apaixonar-se não é amor de verdade porque é fácil. O que quer que façamos no estado do amor requer pouca disciplina ou esforço consciente de nossa parte. Os telefonemas longos que fazemos um para o outro, o dinheiro que gastamos viajando para ver um ao outro, os presentes que damos, os projetos de trabalho que fazemos não são nada para nós. A natureza instintiva da experiência amorosa nos leva a fazer coisas estranhas e não naturais um para o outro. Em terceiro lugar, a experiência amorosa não se concentra no nosso próprio crescimento, nem no crescimento e desenvolvimento da outra pessoa. Em vez disso, nos dá a sensação de que chegamos e que não precisamos de mais nenhum crescimento.  Apaixonar-se é uma suspensão temporária das fronteiras do ego e uma resposta estereotipada dos seres humanos a uma configuração de impulsos sexuais internos e estímulos sexuais externos, o que serve para aumentar a probabilidade de pareamento sexual e vínculo de modo a aumentar a sobrevivência da espécie.

Podemos reconhecer a experiência amorosa pelo que ela foi — uma alta emocional temporária — e agora buscar o "amor real" com nosso cônjuge. Esse tipo de amor é emocional na natureza, mas não é obsessivo. É um amor que une razão e emoção. Envolve um ato de vontade e requer disciplina, e reconhece a necessidade de crescimento pessoal. Nossa necessidade emocional mais básica não é se apaixonar, mas ser genuinamente amado por outro, conhecer um amor que cresce por razão e escolha, não instinto.  Esse tipo de amor requer esforço e disciplina. É a escolha de gastar energia em um esforço para beneficiar a outra pessoa, sabendo que se sua vida for enriquecida pelo seu esforço, você também encontrará um senso de satisfação — a satisfação de ter amado genuinamente outra. Esse é o tipo de amor a que os sábios sempre nos chamaram. É intencional.

Como nos encontramos com a profunda necessidade emocional um do outro de nos sentirmos amados? Se pudermos aprender isso e escolher fazê-lo, então o amor que compartilhamos será emocionante além de qualquer coisa que já sentimos quando estávamos apaixonados.

#1 - PALAVRAS DE AFIRMAÇÃO

Uma maneira de expressar o amor emocionalmente é usar palavras que se acumulam. Elogios verbais, ou palavras de agradecimento, são poderosos comunicadores do amor. Eles são melhor expressos em declarações simples e diretas.

Não estou sugerindo bajulação verbal para que seu cônjuge faça algo que você quer. O objetivo do amor não é conseguir algo que você quer, mas fazer algo para o bem-estar daquele que você ama. É fato, no entanto, que quando recebemos palavras afirmantes, é muito mais provável que sejamos motivados a retribuir e fazer algo que nosso cônjuge deseja.

Oferecer elogios verbais é apenas uma maneira de expressar palavras de afirmação ao seu cônjuge. Outro dialeto é encorajar palavras. A palavra encorajar significa "inspirar coragem". Todos nós temos áreas em que nos sentimos inseguros. Falta coragem, e essa falta de coragem muitas vezes nos impede de realizar as coisas positivas que gostaríamos de fazer. O potencial latente dentro de seu cônjuge em suas áreas de insegurança pode aguardar suas palavras encorajadoras.  Não estou falando de pressionar seu cônjuge a fazer algo que você quer. Estou falando em encorajá-lo a desenvolver um interesse que ele já tem. Encorajamento requer empatia e ver o mundo da perspectiva do seu cônjuge. Primeiro devemos aprender o que é importante para nosso cônjuge. Só então podemos encorajar.

A maneira como falamos é extremamente importante.  Você buscará a compreensão e a reconciliação, e não provará sua própria percepção como a única maneira lógica de interpretar o que aconteceu. Isso é amor maduro — amor ao qual aspiramos se buscamos um casamento em crescimento. Quando fui injustiçado pela minha esposa e ela confessou dolorosamente e pediu perdão, tenho a opção de justiça ou perdão. Se eu escolher a justiça e tentar pagá-la ou fazê-la pagar por seu delito, estou fazendo de mim mesmo o juiz e ela o criminoso. Intimidade torna-se impossível. Se, no entanto, eu escolher perdoar, a intimidade pode ser restaurada. Perdão é o caminho do amor.  A melhor coisa que podemos fazer com os fracassos do passado é deixá-los ser história. Não podemos apagar o passado, mas podemos aceitá-lo como história. Podemos escolher viver hoje livre dos fracassos de ontem.

O amor faz pedidos, não exige. Quando exijo coisas do meu cônjuge, me torno pai e ela é a criança. No casamento, somos iguais, parceiros adultos. Para desenvolvermos uma relação íntima, precisamos conhecer os desejos um do outro. Se queremos nos amar, precisamos saber o que a outra pessoa quer.  Quando você faz um pedido de seu cônjuge, você está afirmando seu valor e habilidades. Você está, em essência, indicando que ela tem algo ou pode fazer algo que é significativo e vale a pena para você. Quando, no entanto, você faz exigências, você se tornou não um amante, mas um tirano. Seu cônjuge não se sentirá afirmado, mas menosprezado. Um pedido introduz o elemento de escolha. Seu companheiro pode optar por responder ao seu pedido ou negá-lo, porque o amor é sempre uma escolha. Não podemos ter amor emocional por demanda. Meu cônjuge pode de fato cumprir minhas exigências, mas não é uma expressão de amor. É um ato de medo ou culpa ou alguma outra emoção.

#2 - TEMPO DE QUALIDADE

Por "tempo de qualidade", quero dizer dar a alguém sua atenção total.  O que quero dizer é sentar no sofá com a TV desligada, olhando um para o outro e conversando, dando um ao outro sua atenção total. Significa dar uma volta, só vocês dois, ou sair para comer e olhar um para o outro e conversar.  Um aspecto central do tempo de qualidade é a união. Não quero dizer proximidade. Duas pessoas sentadas na mesma sala estão próximas, mas não estão necessariamente juntas. A união tem a ver com atenção focada. O que acontece no nível emocional é o que importa. Passarmos um tempo juntos em uma perseguição comum comunica que nos preocupamos um com o outro, que gostamos de estar um com o outro, que gostamos de fazer as coisas juntos.

Conversa de qualidade é bem diferente da primeira linguagem amorosa. Palavras de afirmação se concentram no que estamos dizendo, enquanto a conversa de qualidade se concentra no que estamos ouvindo. Se estou compartilhando meu amor por você por meio de tempo de qualidade e vamos passar esse tempo na conversa, significa que vou me concentrar em atraí-lo, ouvindo com simpatia o que você tem a dizer. Farei perguntas, não de uma maneira instigante, mas com um desejo genuíno de entender seus pensamentos, sentimentos e desejos.

Somos treinados para analisar problemas e criar soluções. Esquecemos que o casamento é um relacionamento, não um projeto a ser concluído ou um problema para resolver. Uma relação exige uma escuta solidária com vistas a entender os pensamentos, sentimentos e desejos do outro. Devemos estar dispostos a dar conselhos, mas apenas quando ele é solicitado e nunca de forma condescendente. A maioria de nós tem pouco treinamento para ouvir. Somos muito mais eficientes em pensar e falar. Aprender a ouvir pode ser tão difícil quanto aprender uma língua estrangeira, mas aprenda que devemos, se quisermos comunicar o amor. Isso é especialmente verdade se a linguagem de amor primária do seu cônjuge é o tempo de qualidade e seu dialeto é conversa de qualidade.

1. Mantenha contato visual quando seu cônjuge estiver falando.

2. Não ouça seu cônjuge e faça outra coisa ao mesmo tempo.

3. Ouça por sentimentos.

4. Observe a linguagem corporal.

5. Recuse-se a interromper.

Atividades de qualidade podem incluir atividades como colocar um jardim, visitar mercados de pulgas, comprar antiguidades, ouvir música, fazer piquenique juntos, fazer longas caminhadas ou lavar o carro juntos em um dia quente de verão. As atividades são limitadas apenas pelo seu interesse e disposição para experimentar novas experiências. Os ingredientes essenciais em uma atividade de qualidade são: (1) pelo menos um de vocês quer fazê-lo, (2) o outro está disposto a fazê-lo, (3) ambos sabem por que estão fazendo isso — para expressar amor por estarem juntos.

#3 - RECEBENDO PRESENTES

Um presente é algo que você pode segurar em sua mão e dizer: "Olha, ele estava pensando em mim", ou, "Ela se lembrou de mim." Você deve estar pensando em alguém para lhe dar um presente. Tele dom em si é um símbolo desse pensamento. Não importa se custa dinheiro. O importante é que você pensou nele. E não é o pensamento implantado apenas na mente que conta, mas o pensamento expresso em realmente garantir o dom e dá-lo como expressão do amor. Presentes são símbolos visuais do amor.  That não é retórica sem sentido. Está verbalizando uma verdade significativa — símbolos têm valor emocional.

Se a presença física do seu cônjuge é importante para você, não espere que ele leia sua mente. Se, por outro lado, seu cônjuge lhe disser: "Eu realmente quero que você esteja lá comigo hoje à noite, amanhã, esta tarde", leve seu pedido a sério. Do seu ponto de vista, pode não ser importante; mas se você não responder a essa solicitação, você pode estar comunicando uma mensagem que você não pretende.

Quase tudo o que já foi escrito sobre o tema do amor indica que no coração do amor está o espírito de dar. Todas as cinco línguas de amor nos desafiam a dar ao nosso cônjuge, mas para alguns, recebendo presentes, símbolos visíveis de amor, fala mais alto.

#4 - ATOS DE SERVIÇO

Por atos de serviço, quero dizer fazer coisas que você sabe que seu cônjuge gostaria que você fizesse. Você procura agradá-la servindo-a, para expressar seu amor por ela fazendo coisas por ela. Eles exigem pensamento, planejamento, tempo, esforço e energia. Se feito com um espírito positivo, são de fato expressões de amor.

Ninguém gosta de ser forçado a fazer alguma coisa. Na verdade, o amor é sempre dado livremente. O amor não pode ser exigido. Podemos pedir coisas um do outro, mas nunca devemos exigir nada. Pedidos dão direção ao amor, mas as exigências param o fluxo do amor.

Os atos que fazemos um pelo outro antes do casamento não é indicação do que faremos depois do casamento. Antes do casamento, somos levados pela força da obsessão pelo amor. Depois do casamento, voltamos a ser as pessoas que éramos antes de "nos apaixonarmos". Nossas ações são influenciadas pelo modelo de nossos pais, nossa própria personalidade, nossas percepções de amor, nossas emoções, necessidades e desejos. Só uma coisa é certa sobre nosso comportamento: não será o mesmo comportamento que exibimos quando fomos pegos por estar "apaixonados. "

Um capacho é um objeto inanimado. Você pode limpar os pés sobre ele, pisar nele, chutá-lo ao redor, ou o que você quiser. Não tem vontade própria. Pode ser seu servo, mas não seu amante. Quando tratamos nossos cônjuges como objetos, impedimos a possibilidade de amor. Manipulação por culpa ("Se você fosse um bom cônjuge, você faria isso por mim") não é a linguagem do amor. Coerção pelo medo ("Você vai fazer isso ou vai se arrepender") é alheia ao amor. Nenhuma pessoa deveria ser capacho. Podemos nos permitir ser usados, mas somos, na verdade, criaturas de emoção, pensamentos e desejos. E temos a capacidade de tomar decisões e agir. Permitir-se ser usado ou manipulado por outro não é um ato de amor. É, de fato, um ato de traição. Você está permitindo que ele ou ela desenvolva hábitos desumanos. O amor diz: "Eu te amo demais para deixar você me tratar assim. Não é bom para você ou para mim.

#5 - TOQUE FÍSICO

Mãos dadas, beijos, abraços e relações sexuais são todas formas de comunicar amor emocional ao cônjuge. Para alguns indivíduos, o toque físico é sua linguagem de amor primária. Sem ele, eles não se sentem amados. Com ele, seu tanque emocional está cheio, e eles se sentem seguros no amor de seu cônjuge.

Dos cinco sentidos, o toque, ao contrário dos outros quatro, não se limita a uma área localizada do corpo. Algumas partes do corpo são mais sensíveis que outras. A diferença se deve ao fato de que os pequenos receptores táteis não estão espalhados uniformemente sobre o corpo, mas dispostos em aglomerados. Assim, a ponta da língua é altamente sensível ao toque, enquanto a parte de trás dos ombros é a menos sensível. As pontas dos dedos e a ponta do nariz são outras áreas extremamente sensíveis. Nosso propósito, no entanto, não é entender a base neurológica do sentido de toque, mas sim sua importância psicológica.

O toque físico pode fazer ou quebrar um relacionamento. Pode comunicar ódio ou amor. Para a pessoa cuja linguagem de amor principal é o toque físico, a mensagem será muito mais alta do que as palavras "Eu te odeio" ou "eu te amo". Um tapa na cara é prejudicial para qualquer criança, mas é devastador para uma criança cuja linguagem de amor primária é o toque. Um abraço carinhoso comunica amor a qualquer criança, mas grita amor à criança cuja linguagem de amor primária é o toque físico. O mesmo acontece com os adultos.

No casamento, o toque do amor pode tomar muitas formas. Uma vez que receptores de toque estão localizados em todo o corpo, tocar amorosamente seu cônjuge em quase qualquer lugar pode ser uma expressão de amor. Isso não significa que todos os toques sejam criados iguais. Alguns trarão mais prazer ao seu cônjuge do que outros. Seu melhor instrutor é seu cônjuge, é claro. Afinal, ela é a única que você está procurando amar. Ela sabe melhor o que percebe como um toque amoroso.  Once você descobre que o toque físico é a linguagem de amor primária do seu cônjuge, você é limitado apenas por sua imaginação em maneiras de expressar o amor.

Se a linguagem de amor principal do seu cônjuge é o toque físico, nada é mais importante do que segurá-la enquanto ela chora. Suas palavras podem significar pouco, mas seu toque físico comunicará que você se importa. As crises oferecem uma oportunidade única para expressar o amor. Seus toques ternos serão lembrados muito depois que a crise passar. Seu fracasso em tocar pode nunca ser esquecido.

Fonte: Gary Chapman, The Five Love Languages, Northing Publishing, Chicago, EUA, 1992.