21 de maio de 2010

Pe. Seraphim Rose e a música clássica

O Abençoado Padre Seraphim Rose proferiu uma palestra semanas antes de seu repouso, em 1982, intitulada Living the Orthodox Worldview [A Vida da Cosmovisão Ortodoxa]. O áudio original, que inclui a palestra e a sessão de perguntas e respostas, pode ser adquirida no site do Mosteiro de São Germano do Alaska.

A última faixa do CD é uma interessante resposta que o Pe. Seraphim dá a um ouvinte sobre música clássica. De certa forma, complementa o que o Pe. Seraphim chamava de desenvolvimento emocional da alma. Tentei transcrever e traduzir da melhor maneira possível, já que a qualidade do áudio não é lá muito boa.

* * *

-- O sr. falou um pouco sobre música clássica em relação à educação infantil.

-- Sim.

-- Há alguns tipos de música clássica que provocam emoções sensuais, que invocam...algumas músicas clássicas como Bolero...

-- Bem, há várias tipos de música clássica. Em geral, quanto mais moderna, mais e mais sensual, mais e mais anárquica ela será. São princípios que pertencem mais ao século XX. A música clássica básica, aquela que pertence a períodos anteriores, mais dos séculos XVII, XVIII e XIX: é especificamente a essas que me referi anteriormente. Nos anos seguintes, há cada vez menos casos em que as músicas clássicas apresentam a característica de refinar o ouvinte. Aquelas que são mais toscas e sensuais não se deve ouvir. Há os grandes compositores, como Bach, Händel, Mozart, e mesmo alguns compositores do século XIX, alguns com obras muito refinadas, como Tchaikovsky e Verdi, por exemplo. Há alguns que são perigosos, muito sensuais...

-- Na minha classe falou-se alguma coisa de Liszt, das obras de Liszt, do fato de serem muito sensuais, talvez...

-- Bem, há diferentes tipos de sensualidade. Comparado com o que temos hoje, não há nada de muito sensual em Liszt. [Risos da platéia]. É muito mais refinado do que temos hoje. É melhor ouvir isso do que algumas coisas que se ouve hoje. Pois quando mencionam "sensualidade" em relação a esse tipo de coisa não é a mesma sensualidade que temos hoje. Ela não invoca diretamente essas emoções; ela, digamos, descreve essas emoções, assim como um grande romance descreve todos os tipos de paixões com o objetivo de nos familiarizarmos com elas, de maneira que você lê o romance sem ter de passar por todas essas terríveis experiências na vida, de maneira que você saiba os resultados desse tipo de paixão.