O Pe. Lazarus é amplamente considerado um dos grandes missionários e estudiosos do século XX.
Padre missionário ortodoxo que serviu na
Palestina, Transjordânia, Índia, Grécia, Austrália, Califórnia e Alasca, ele
traduziu o Saltério, os quatro Evangelhos, a Escada da Ascese Divina, a Arena,
o Antigo Livro de Orações de Jordanville, a biografia de São Serafim de Sarov,
e inúmeros outros manuscritos e ofícios antes de seu repouso em 1992.
O Pe. Lazarus se chamava Edgar Moore e
nasceu em Swindon, Inglaterra, em 18 de outubro de 1902. Aos dezoito anos
mudou-se para Alberta, Canadá, e trabalhou como pastor, estivador, trabalhador
rural e na ferrovia. Foi no Canadá que o Pe. Lazarus experimentou um profundo
despertar espiritual e ouviu “um chamado de Deus” para se tornar missionário.
Com o chamado de Deus em seu coração, Pe.
Lazarus voltou para a Inglaterra para estudar no St Augustine’s, um colégio missionário anglicano em Canterbury,
Inglaterra, por cinco anos. Ele foi ordenado diácono na Igreja da Inglaterra em
1930 e foi ordenado sacerdote anglicano em 1931.
O Pe. Lazarus se interessou por viagens, e seu
processo de conversão o levou para a Índia em 1933, onde se juntou à sanga Christa Seva, uma irmandade
anglo-indiana com um ashram em Poona. Os estudos em tradição e história da Igreja
o levaram à Terra Santa e ao Monte Athos, onde floresceu seu desejo de abraçar
o Cristianismo Ortodoxo.
O Pe. Lázaro entrou em contato com hierarcas
russos e visitou a Sérvia, recebido pelo Metropolita Antonio (Khrapovitsky) da
Igreja Ortodoxa Russa no Exterior (ROCOR), que na época estava sediada em
Sremsky Karlovsky, perto de Belgrado.
No mosteiro de Milkovo, antes de ser
ordenado pelo Arcebispo Feofan em janeiro de 1936 (?) ao sacerdócio, o Pe. Lazarus
tornou-se monge. Seu coração e sua mente se aprofundaram na Igreja Ortodoxa e
ele foi designado para a Missão Eclesiástica Russa que fica em Jerusalém, no
Convento de Santa Maria Madalena, no Getsêmani.
Dois santos mártires, a grã-duquesa
Elizabeth Feodorovna da Rússia e sua colega monja Bárbara Yakovleva, estão sepultadas
na igreja. O Pe. Lazarus trabalhou em estreita colaboração com as abadessas Maria
(Robinson) e Maria (Sprott), também convertidas do anglicanismo. Ele deu aulas
em uma escola em Betânia (Palestina), que era mantida pela Missão Eclesiástica
Russa. Foi aí que ele completou um primeiro esboço da Vida de São Serafim.
Mas então a guerra estourou.
A batalha e o caos social que se seguiram
forçaram o Pe. Lazarus e sua pequena comunidade de Santa Maria fugirem a pé
pelo deserto até a Transjordânia.
Após a guerra árabe-israelense de 1948, o
recém-fundado Estado de Israel entregou a propriedade do convento ao governo
ateu militante da União Soviética, o que acabou por dissolver a missão e o
convento.
O Pe. Lazarus então viveu na região da
Transjordânia por um ano e em 1952 retornou à Índia, ajudando um grupo de
ortodoxos sírios não-calcedonianos em Malabar, sul da Índia, que haviam
abordado o Sínodo Russo buscando admissão na Ortodoxia calcedoniana.
O Pe. Lazarus ficou na Índia por mais 20
anos.
Ele ajudou no trabalho missionário,
traduzindo vida de santos e ofícios da Igreja, escrevendo e servindo a Deus com
todo o seu coração, mente e alma em meio à pobreza, doença e distúrbios políticos
e sociais.
Ele transmitiu homilias através do rádio,
trabalhando sob condições extremas de calor, ataques de malária e um isolamento
incrível. Muito de seu trabalho de tradução do eslavo e grego para o inglês foi
concluído e publicado durante essa época, por diversas vezes na revista Orthodox Life, publicada pelo Mosteiro
de Jordanville, em Nova York.
Foi nesse mosteiro que o Pe. Lazarus
traduziu o Antigo Livro de Orações de Jordanville, a Arena, a Escada da Ascese Divina
e vários outros manuscritos. Ele trabalhava com uma velha máquina de escrever
manual, vertendo preciosas palavras espirituais página por página. Frequentemente,
ele teve de interromper seu trabalho porque a eletricidade acabava.
Como as batinas pretas eram culturalmente
ofensivas para os residentes locais, o Pe. Lazarus usava uma batina branca
durante esse tempo. E foi durante este período, na Índia, que conheceu Ghandi e
a monja Gavrilia, a asceta do amor.
Em 1972, o Pe. Lázaro foi convocado para a
Grécia, onde trabalhou e cogitou em se estabelecer para sempre, mas em 1974 foi
chamado para servir na Austrália. Aqui, seus esforços durante um período de 8
anos floresceram no que é hoje a próspera e bela Missão Ortodoxa da Santa Cruz.
Durante sua estada na Austrália, o Pe.
Lázaro buscou a libertação canônica da diocese russa e foi aceito na jurisdição
do Patriarcado de Antioquia.
Em 1983, o Pe. Lázaro recebeu um convite do
Pe. Peter Gillquist para viver em meio à Igreja Evangélica Ortodoxa na América
para ajudá-los na transição do protestantismo para a Ortodoxia canônica.
O Pe. Lazarus aceitou e, em 1987, milhares
de indivíduos foram recebidos na Arquidiocese Ortodoxa de Antioquia. O Pe.
Lazarus viveu em Santa Bárbara durante cinco anos, tornando-se um amado ancião
e professor da próspera Igreja de Santo Atanásio, onde tocou muitas vidas.
Mas em 1989, sua saúde começou a piorar e
ele se mudou para a comunidade da Catedral de São João em Eagle River, Alasca.
Aqui, o Pe. Lazarus compartilhou os últimos anos de sua vida ajudando a
comunidade de São João na transição para a Ortodoxia.
Em 27 de novembro de 1992, o Pe. Lazarus adormeceu no Senhor. No quarto dia após seu repouso, ele foi enterrado no
cemitério da Catedral de São João. Como sinal claro da ressurreição, a paisagem
nevada do Alasca foi milagrosamente descongelada para revelar um relvado verde
brilhante.
Três águias voavam neste instante.
O Pe. Lazarus nos deixou “viajando com
anjos”. Através de seu trabalho como monge, sacerdote, tradutor, professor,
amigo e autor, inúmeras almas foram e ainda hoje são nutridas no amor para e
por Deus.
Glória a Deus!
Fonte: Fr. Lazarus Moore Foundation