Os sofrimentos dos infiéis são como as tempestades que tudo destroem, mas as lágrimas dos fiéis são como as chuvas finas e graciosas que fazem florescer as belas flores da virtude na alma. Eis uma das mais extraordinárias características de nossa fé cristã: ela traz a paz mesmo em meio ao sofrimento. Ela transforma os sofrimentos em júbilo.
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Devemos então nos lamentar quando Deus nos manda os sofrimentos? Não, não devemos, mas devemos, isso sim, beijar a Mão que nos pune. Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, diz o Apóstolo Paulo, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. (Hebreus 12:6-8)
Não há um santo sequer que não tenha trilhado o caminho do sofrimento. São João Crisóstomo afirma: "Quando as tribulações [sofrimentos] vierem, não permitamos que esses sinais de Deus sejam tomados como abandono, mas devemos considerá-los como sinais de que o Senhor se preocupa conosco, pois, ao permitir que as tribulações recaiam sobre nós, Ele limpa nossos pecados". Deus não abandona a quem envia os sofrimentos e tribulações, mas, pelo contrário, Ele demonstra Sua proximidade. Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito. Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas. (Salmos 34:18-19) Quanto maior a angústia, mais próximo Deus está; quanto mais escura a noite, mais brilham as estrelas.
Cristão, sê confortado na angústia que sofres. Saibas que Deus não pune apenas os que vendem sua alma ao diabo para desfrutarem de alegrias e prazeres terrenos. Deus não castiga apenas aqueles que não são Seus. Como bom Pai, Ele não está preocupado com a correção e a educação dos filhos dos outros; todo pai castiga seus próprios filhos. Se Deus te manda tribulações e castigos, não fiques desconsolado, mas alegra-te, pois tu és um de Seus filhos e Ele ocupa-se de tua salvação! Lamenta-te um pouco. Isso não é pecado. Mas lamenta-te com fé!
Fonte: Arquimandrita Seraphim Aleksiev, The Meaning of Suffering, St. Xenia Skete, Wildwood, CA, EUA, 1994.
Imagem: Sofrimento Inconsolável, Ivan Kramskoy, 1884, Rússia.