1. Há um Deus, o Pai, um Senhor, Jesus Cristo, e um Espírito Santo. O Pai é a fonte da divindade: o Filho é eternamente (mas não temporalmente) gerado do Pai e o Espírito Santo procede eternamente (mas não temporalmente) do Pai. Somos levados pelo Espírito Santo a conhecer o Filho, que mostra-nos o Pai.
2. Pai, Filho e Espírito Santo são essencialmente um e inomináveis, mas são hipostaticamente distintos e nomeáveis: o Pai é ingênito, o Filho é o unigênito do Pai e o Espírito Santo procede do Pai. Essência (ousia) refere-se àquilo que lhes é comum (e que na divindade só pode ser abordado apofaticamente) e hipóstase refere-se às características particularizantes.
3. A unidade de Pai, Filho e Espírito Santo pode ser expressa em termos de comunhão, co-inerência mútua e atividade, vontade ou energia comum.
Conclui-se que:
1. Há um Deus porque há um Pai.
2. A fonte da unidade da Trindade é o Pai, e não a essência compartilhada..
3. A unidade se expressa na cooperação do Filho e do Espírito Santo com o Pai, e não na essência compartilhada (consubstancialidade).
Lembre-se:
1. Seja preciso com os termos que empregar. Não é correto afirmar que “Deus é Trindade” ou que “Deus é um em três e três em um”, nem é correto aludir a um “Deus Triuno”. Os autores do Novo Testamento, os Padres e os compiladores dos livros litúrgicos não usavam essas expressões e, portanto, você também não deve usá-las. Porém, é lícito referir-se à “Divindade Triuna”.
2. A “monarquia” do Pai significa que Ele é a fonte única do Filho e do Espírito Santo, mas não que Ele seja “Rei” da Trindade.
3. Embora haja um Deus e Pai, isso não significa que o Filho e o Espírito Santo sejam menos divinos. Pai, Filho e Espírito Santo são igualmente divinos; eles são divinos com a mesma divindade plena do Pai. Jesus Cristo é o Filho de Deus, ou seja, Ele é tudo o que o Pai é, sem ser o Pai. Conseqüentemente, afirmamos que Cristo é Deus e, portanto, confessamos que a Virgem Maria é verdadeiramente a Theotokos (Mãe de Deus), que não é mãe da divindade, mas mãe do Deus Verbo encarnado. Similarmente, dado que a encarnação de Cristo deificou a carne e santificou a matéria, veneramos imagens materiais (por exemplo: ícones, cruz, Evangelho, relíquias).
4. O ponto de partida para refletirmos acerca da Trindade não deve ser um quebra-cabeça metafísico sobre um em três e três e um, mas o Jesus Cristo pregado pelos apóstolos, segundo as Escrituras. As obras teológicas dos Padres fornecem a gramática pela qual os dados bíblicos devem ser interpretados; a terminologia empregada pelos Padres é o guia exegético primordial para se interpretar a Escritura. No entanto, a linguagem teológica é incapaz de descrever a essência mesma de Deus. Ademais, a essência divina é incognoscível, mas é revelada e comunicada a nós mediante Suas energias divinas, pelas quais somos deificados. Embora façamos a distinção entre essência e energia, isso não significa que sejam duas “partes” de Deus.
Fonte: Ora Et Labora
Foto: Catedral da Santíssima Trindade da Igreja Ortodoxa Georgiana, Tbilisi, Geórgia