Eis um pequeno trecho de Meetings with Kontoglou, do Dr. Constantine Cavarnos. Kontoglou (1896-1965) foi um exímio iconógrafo e escritor ortodoxo grego, com quem o Dr. Cavarnos travou diversos diálogos.
* * *
Meu próximo encontro com Kontoglou deu-se em sua casa, no dia 20 de abril de 1958. Nossa conversa foi sobre os teólogos gregos contemporâneos e sobre a arte bizantina no Ocidente.
Kontoglou comentou sobre certos teólogos “científicos” (epistemones), homens que estudaram teologia na Europa e trouxeram às universidades gregas um tipo de teologia mais cerebral e “liberal”. Kontoglou observou que Theocletos Pharmakidis (1784-1862) foi o primeiro teólogo grego desse tipo. Dos mais recentes, ele citou Demetrios Balanos.
Tais teólogos, dizia-me Kontoglou, consideram a teologia ortodoxa tradicional – aquela que provém das raízes do Cristianismo e dos Padres gregos – como algo “fossilizado”, e no qual eles atuariam como agentes “renovadores”. Na verdade, faltam-lhes fé e vida espiritual interior. Eles encaram a teologia como sendo uma ciência qualquer, a exemplo da química e da física, empregando a razão discursiva como ferramenta e fornecendo explicações racionalistas.
Ao criticar esse tipo de teólogo, Kontoglou citou um trecho de São Dionísio, o Areopagita, no qual o santo afirma que não é possível tomar posse das verdades do Cristianismo de maneira puramente intelectual, pois elas devem ser experimentadas, vividas. Ele também leu o seguinte trecho de São Simeão, o Novo Teólogo, o maior místicos de Bizâncio:
Aquele que julga tudo saber porque foi instruído na sabedoria secular jamais conseguirá vislumbrar os mistérios de Deus até que, antes, ele deseje humilhar-se e tornar-se um “tolo”, despindo-se de seu orgulho e do conhecimento que adquiriu. Aquele que assim o fizer, seguindo com fé inabalável os sábios nas coisas divinas e deixando-se guiar por eles, irá com eles à cidade do Deus vivo. Iluminado pelo Espírito Santo, ele verá e será ensinado naquelas coisas que nenhum homem poderá vislumbrar ou aprender. Assim, ele será ensinado por Deus (Kontoglou, Pege Zoes, “Fonte de Vida”, 1951, pág. 82).
Em um livro publicado quatro anos antes do encontro, eis o que ele escreveu sobre tais teólogos:
Os teólogos modernos se tornaram cientistas, a exemplo dos médicos, químicos e engenheiros, pois agindo assim eles conseguem ser honrados pelo mundo. Eles vão à Europa – o lugar das trevas espirituais – para ganhar um diploma. Eles enchem suas cabeças com uma multidão de filosofias vãs e voltam à nossa terra apenas para transmitir sua descrença ao invés da fé... Eles não entram no Reino dos Céus, e impedem que os outros entrem, conforme disse nosso Senhor. Seu castigo é não ver as maravilhas vistas pelos crentes, e, assim, acaba lhes faltando a contrição e se esfriam. Eles estão separados de Deus e Seu Reino porque amam a glória dos homens ao invés da glória de Deus (Semeion Mega, “A Great Sign”, 1962, pág. 16-17).
Em outro livro, Papa-Nicholas Planas, publicado três anos antes, ele novamente enfatizou a importância da fé e da piedade:
Essa gente tenta encontrar a solução dos apuros da Igreja na educação teológica “científica”. Mas o mal só pode ser remediado pela educação na piedade (eusebeia)... Que benefício a Igreja obteria enviando estudantes a, digamos, Genebra? Eles voltarão com princípios protestantes. Essas pessoas dizem que a Igreja está atrasada em um século. Ah, como seria bom se os membros da Igreja tivessem a piedade das pessoas de um século atrás! A educação científica secular é boa quando se junta à piedade (Atenas, 1965, pág. 46).
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Meu próximo encontro com Kontoglou deu-se em sua casa, no dia 20 de abril de 1958. Nossa conversa foi sobre os teólogos gregos contemporâneos e sobre a arte bizantina no Ocidente.
Kontoglou comentou sobre certos teólogos “científicos” (epistemones), homens que estudaram teologia na Europa e trouxeram às universidades gregas um tipo de teologia mais cerebral e “liberal”. Kontoglou observou que Theocletos Pharmakidis (1784-1862) foi o primeiro teólogo grego desse tipo. Dos mais recentes, ele citou Demetrios Balanos.
Tais teólogos, dizia-me Kontoglou, consideram a teologia ortodoxa tradicional – aquela que provém das raízes do Cristianismo e dos Padres gregos – como algo “fossilizado”, e no qual eles atuariam como agentes “renovadores”. Na verdade, faltam-lhes fé e vida espiritual interior. Eles encaram a teologia como sendo uma ciência qualquer, a exemplo da química e da física, empregando a razão discursiva como ferramenta e fornecendo explicações racionalistas.
Ao criticar esse tipo de teólogo, Kontoglou citou um trecho de São Dionísio, o Areopagita, no qual o santo afirma que não é possível tomar posse das verdades do Cristianismo de maneira puramente intelectual, pois elas devem ser experimentadas, vividas. Ele também leu o seguinte trecho de São Simeão, o Novo Teólogo, o maior místicos de Bizâncio:
Aquele que julga tudo saber porque foi instruído na sabedoria secular jamais conseguirá vislumbrar os mistérios de Deus até que, antes, ele deseje humilhar-se e tornar-se um “tolo”, despindo-se de seu orgulho e do conhecimento que adquiriu. Aquele que assim o fizer, seguindo com fé inabalável os sábios nas coisas divinas e deixando-se guiar por eles, irá com eles à cidade do Deus vivo. Iluminado pelo Espírito Santo, ele verá e será ensinado naquelas coisas que nenhum homem poderá vislumbrar ou aprender. Assim, ele será ensinado por Deus (Kontoglou, Pege Zoes, “Fonte de Vida”, 1951, pág. 82).
Em um livro publicado quatro anos antes do encontro, eis o que ele escreveu sobre tais teólogos:
Os teólogos modernos se tornaram cientistas, a exemplo dos médicos, químicos e engenheiros, pois agindo assim eles conseguem ser honrados pelo mundo. Eles vão à Europa – o lugar das trevas espirituais – para ganhar um diploma. Eles enchem suas cabeças com uma multidão de filosofias vãs e voltam à nossa terra apenas para transmitir sua descrença ao invés da fé... Eles não entram no Reino dos Céus, e impedem que os outros entrem, conforme disse nosso Senhor. Seu castigo é não ver as maravilhas vistas pelos crentes, e, assim, acaba lhes faltando a contrição e se esfriam. Eles estão separados de Deus e Seu Reino porque amam a glória dos homens ao invés da glória de Deus (Semeion Mega, “A Great Sign”, 1962, pág. 16-17).
Em outro livro, Papa-Nicholas Planas, publicado três anos antes, ele novamente enfatizou a importância da fé e da piedade:
Essa gente tenta encontrar a solução dos apuros da Igreja na educação teológica “científica”. Mas o mal só pode ser remediado pela educação na piedade (eusebeia)... Que benefício a Igreja obteria enviando estudantes a, digamos, Genebra? Eles voltarão com princípios protestantes. Essas pessoas dizem que a Igreja está atrasada em um século. Ah, como seria bom se os membros da Igreja tivessem a piedade das pessoas de um século atrás! A educação científica secular é boa quando se junta à piedade (Atenas, 1965, pág. 46).
Fonte: Orthodox Christian Information Center