No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, pela circuncisão de Cristo; sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. (Colossenses 2:11-12)Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis; antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós, tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam da vossa boa conduta em Cristo. Porque melhor é que padeçais fazendo bem (se a vontade de Deus assim o quer), do que fazendo mal. Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água; que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo; o qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências. (1 Pedro 3:14-22)
E um certo Ananias, homem piedoso conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam, vindo ter comigo, e apresentando-se, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. E naquela mesma hora o vi. E ele disse: O Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a sua vontade, e vejas aquele Justo e ouças a voz da sua boca. Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido. E agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor. (Atos 22:12-16)
E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, em remissão de pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. (Atos 2:38)
Vê-se que batismo e circuncisão estão intimamente
interligados. O que se diz da circuncisão tem de ser dito do batismo. No entanto,
a circuncisão em momento algum do VT tem a ver com “renascimento”, “remissão
dos pecados”, “garantia da fé” etc. Aliás, as pessoas circuncidadas nem mesmo
eram questionadas a respeito de sua fé, ou da falta dela.
A circuncisão era apenas e tão-somente um
sinal visível que servia de lembrança de que a graça de Deus foi concedida a
Abraão e à sua descendência. Ela não garantia, nem tinha nada a ver com, “salvação”.
A circuncisão era uma maneira de admitir os homens à comunidade daqueles que
conheciam a verdade sobre Javé, o único e verdadeiro Deus. Era um sinal
visível, mas que em momento algum poderia substituir o “coração circuncidado”,
ou seja, um coração crente nas promessas de Javé e na adoração que lhe era
devida. Em suma, a circuncisão era importante porque somente essa comunidade, a
dos israelitas, possuía a verdade, aquilo que São Paulo chamava de “oráculos de
Deus”, o caminho para a salvação, e era mediante a circuncisão que o membro
poderia ter acesso a tais oráculos. (Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou
qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque,
primeiramente, os oráculos de Deus lhe foram confiados. Romanos 3:1-2).
O batismo tem, ou deveria ter, a mesmíssima
função: um sinal visível de inclusão. A pessoa sendo batizada poderá ter acesso
aos oráculos de Deus e ouvir a verdade naquela ecclesia. Em 1 Pedro
citada acima, o batismo é apresentado como um juramento de lealdade a Jesus
Cristo na batalha cósmica. Nesse trecho, São Pedro faz uma alusão tipológica
(analógica) com os anjos caídos relatados em Gênesis 6: eis por que as antigas
fórmulas batismais incluíam a renúncia a Satanás e seus anjos caídos.
De qualquer forma, o batismo nunca foi
entendido como um ritual que predispõe ou inclina a pessoa à salvação. Pelo
contrário, o que é realmente central à salvação é a fé, o arrependimento, a
decisão de fazer parte do exército de Jesus Cristo, e todos os demais elementos
(como se pode ver em Atos 2:38) se conectam perifericamente a tal postura.
Fonte: Michael Heiser, Baptism, YouTube, 2016.