De maneira geral, embora Dweck não exponha
a diferença nesses termos, todas as pessoas, a despeito do mindset que
majoritariamente adotem, têm a necessidade de sentirem-se saudáveis, de sentirem-se
“bem”. E eis a diferença: o mindset de crescimento buscará sua saúde mental
precisamente no crescimento, ou seja, desde dentro. E o mindset fixo? Ele não
tem alternativa senão caçar sua saúde mental mundo afora, ou seja, terá de “provar a
si mesmo” perante os outros, terá de criar uma “autoestima” aceitável na sociedade.
O mindset fixo tem de sentir-se perfeito porque
uma única prova em contrário representaria um golpe que o condenaria para
sempre. O fracasso passa de um fato (“fracassei”) a uma identidade (“sou um
fracasso”). O mindset fixo acha que sabe tudo a seu respeito e, portanto, não
precisa obter este ou aquele conhecimento, habilidade, experiência etc., mas
somente buscará aquilo que entende (ou “tem certeza”) que tem talento. A
confiança do mindset fixo é frágil e, pior, as pessoas ao seu redor não são vistas como aliadas, mas como juízes. O esforço lhe é algo profundamente desagradável e seu diálogo
interior é povoado de transtornos. E eis aqui uma curiosidade: para o mindset
fixo talentoso as imperfeições são especialmente vergonhosas.
O mindset de crescimento considera o
aprendizado uma experiência especialmente prazerosa. O sucesso está
precisamente no aperfeiçoamento, e aqui tanto faz se há reveses e fracassos:
eles servem para informar e “acordar” o mindset de crescimento a buscar uma solução
de contorno.
Nos relacionamentos amorosos o mindset fixo é
especialmente disfuncional. Uma vez ferido, o mindset fixo não vê alternativa
senão buscar desde fora a cura para essa ferida: eis a vingança. Para o
mindset de crescimento, a cura da ferida virá de dentro: eis o perdão. A
vingança, do ponto de vista do mindset de crescimento, é perda de tempo e
energia. O perdão, do ponto de visto do mindset fixo, é algo inaccessível.
Ademais, para o mindset fixo, por sua própria característica, espera que tudo
esteja “pronto” e que tudo seja “espontâneo”, e é por isso que se é necessário
algum esforço então “não era para ser”; em outras palavras, a leitura mental é
uma exigência do mindset fixo. Ambos, homem e mulher, têm de concordar em tudo
porque problemas são sinal de deficiências profundas. Por fim, no mindset fixo
a “culpa” pelas dificuldades no relacionamento ou são de suas características ou
das características do parceiro. É claro que o mais comum é culpar o outro. Na
vida extraconjugal, a culpa recai no “mundo”, na “empresa”, na “sociedade”, no “país”,
no “trauma do passado” etc.
Como superar o mindset fixo?
(1) Abraçar seu mindset fixo.
(2) Saber o que desencadeia o mindset fixo.
(3) Dar um nome à sua persona com mindset fixo (personagem de livro, de filme, seu próprio apelido, um nome que não goste etc.) a fim de distanciar-se e romper a identidade com essa persona.
(4) Educar essa persona.
Fonte: Carol Dweck, Mindset, Editora Objetiva, São Paulo, Brasil, 2017.