Platão não condena
a arte verdadeira, mas a pseudo-arte; que o objetivo principal da verdadeira
arte não é a expressão do mundo dos fenômenos, mas o mundo do ser verdadeiro,
das formas eternas, da beleza supersensível; e que a arte verdadeira, longe de
ser imortal, é moral no mais alto grau. [...] Todas as artes devem voltar-se ao
elemento mais elevado do homem, a faculdade racional, buscando fortalecê-la e
capacitá-la para harmonizar e embelezar a discórdia entre o homem interior e o
homem exterior.
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O interesse
principal do filósofo, segundo Platão, é adquirir conhecimento – no sentido
estrito do termo – sobre a natureza do homem, e daí deduzir o objeto final de
todas as labuta humanas: seu bem supremo e os meios necessários para alcançá-lo.
Mas não é possível discernir plenamente a natureza da alma se antes não estudamos
e aprendemos o que é verdadeiro e o que é falsa na existência como um todo. Eis
que a tarefa do filósofo é lidar com a realidade total e possuir conhecimento e
entendimento de todo o cosmos.
Dado que
Deus é Mente, Inteligência, Razão, o homem tem de viver em consonância com a razão
porque o objetivo do homem é tornar-se o máximo possível semelhante a Deus –
tem de esforçar-se para tornar-se perfeitamente ordenado e ajudar seus
companheiros a fazer o mesmo.
O aspecto
central da “psicologia” e da filosofia de Platão é a imortalidade da alma.
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Depois de estudar
Platão, Aristóteles e os filósofos modernos, Cavarnos volta sua atenção para os
Padres da Igreja bizantinos, cuja posição sobre o assunto é claramente descrita
(o homem tem liberdade de vontade para escolher o amor ao bom e ao belo, e
rejeição do mal e vil). Na visão bizantina, o indivíduo é responsável por
exercer a katharsis - limpeza de si
mesmo das inclinações para o pecado, purificação das paixões e cultivo de seus
poderes morais. Isso prepara o indivíduo para o pleno desenvolvimento das
virtudes — realizado não isoladamente, mas com a ajuda de Deus —, e para a meta
última do ser humano, a theosis.
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Para Benjamin
de Lesvos, o objetivo da educação é que o homem actualize suas potencialidades
de racionalidade e virtude. Através da educação, o homem pode estabelecer-se
como imagem e semelhança de Deus na realidade (energeia), em vez de permanecer como tal apenas potencialmente (dynamei). "À imagem" refere-se
à racionalidade e ao poder da livre escolha (autexousion). "À semelhança" refere-se à virtude (arete). O Dr. Cavarnos aponta que o lar,
a igreja e a escola são os locais onde ocorre a educação, mas também a
biblioteca. Linguagem, história, mitologia, geografia e história natural são mencionados
como assuntos úteis para enriquecer a memória, enquanto para o desenvolvimento
da razão ele menciona "idealogia" [e não “ideologia”] (o estudo de
conceitos, suas fontes e relações), gramática geral, lógica, aritmética,
geometria, mecânica, astronomia, física geral, química e ética. Para ele, a
ética é de todos os assuntos o mais valioso e o mais certo. Em seu terceiro
agrupamento, Benjamin inclui desenho, pintura, música e poesia. Memória, razão
e imaginação devem ser cultivadas. Atenção, ordem e hábito adequado são formas
de disciplina que devem ser parte integrante de um programa educacional.
Fonte: John Rexine, An Explorer of Realms of Art, Life, and Thought, Institute for
Byzantine and Modern Greek Studies, Belmont, MA, EUA, 1985.