20 de junho de 2023

Citações de Constantine Cavarnos


Platão não condena a arte verdadeira, mas a pseudo-arte; que o objetivo principal da verdadeira arte não é a expressão do mundo dos fenômenos, mas o mundo do ser verdadeiro, das formas eternas, da beleza supersensível; e que a arte verdadeira, longe de ser imortal, é moral no mais alto grau. [...] Todas as artes devem voltar-se ao elemento mais elevado do homem, a faculdade racional, buscando fortalecê-la e capacitá-la para harmonizar e embelezar a discórdia entre o homem interior e o homem exterior.

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O interesse principal do filósofo, segundo Platão, é adquirir conhecimento – no sentido estrito do termo – sobre a natureza do homem, e daí deduzir o objeto final de todas as labuta humanas: seu bem supremo e os meios necessários para alcançá-lo. Mas não é possível discernir plenamente a natureza da alma se antes não estudamos e aprendemos o que é verdadeiro e o que é falsa na existência como um todo. Eis que a tarefa do filósofo é lidar com a realidade total e possuir conhecimento e entendimento de todo o cosmos.

Dado que Deus é Mente, Inteligência, Razão, o homem tem de viver em consonância com a razão porque o objetivo do homem é tornar-se o máximo possível semelhante a Deus – tem de esforçar-se para tornar-se perfeitamente ordenado e ajudar seus companheiros a fazer o mesmo.

O aspecto central da “psicologia” e da filosofia de Platão é a imortalidade da alma.

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Depois de estudar Platão, Aristóteles e os filósofos modernos, Cavarnos volta sua atenção para os Padres da Igreja bizantinos, cuja posição sobre o assunto é claramente descrita (o homem tem liberdade de vontade para escolher o amor ao bom e ao belo, e rejeição do mal e vil). Na visão bizantina, o indivíduo é responsável por exercer a katharsis - limpeza de si mesmo das inclinações para o pecado, purificação das paixões e cultivo de seus poderes morais. Isso prepara o indivíduo para o pleno desenvolvimento das virtudes — realizado não isoladamente, mas com a ajuda de Deus —, e para a meta última do ser humano, a theosis.

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Para Benjamin de Lesvos, o objetivo da educação é que o homem actualize suas potencialidades de racionalidade e virtude. Através da educação, o homem pode estabelecer-se como imagem e semelhança de Deus na realidade (energeia), em vez de permanecer como tal apenas potencialmente (dynamei). "À imagem" refere-se à racionalidade e ao poder da livre escolha (autexousion). "À semelhança" refere-se à virtude (arete). O Dr. Cavarnos aponta que o lar, a igreja e a escola são os locais onde ocorre a educação, mas também a biblioteca. Linguagem, história, mitologia, geografia e história natural são mencionados como assuntos úteis para enriquecer a memória, enquanto para o desenvolvimento da razão ele menciona "idealogia" [e não “ideologia”] (o estudo de conceitos, suas fontes e relações), gramática geral, lógica, aritmética, geometria, mecânica, astronomia, física geral, química e ética. Para ele, a ética é de todos os assuntos o mais valioso e o mais certo. Em seu terceiro agrupamento, Benjamin inclui desenho, pintura, música e poesia. Memória, razão e imaginação devem ser cultivadas. Atenção, ordem e hábito adequado são formas de disciplina que devem ser parte integrante de um programa educacional.

Fonte: John Rexine, An Explorer of Realms of Art, Life, and Thought, Institute for Byzantine and Modern Greek Studies, Belmont, MA, EUA, 1985.