14 de fevereiro de 2015

Hesicasmo e a vida em sociedade


A verdadeira sociabilidade é fruto do hesicasmo. Ora, hesicasmo não é apenas salvação individual, nem a simples manifestação religiosa da vida humana à parte do restante da vida em comunidade, mas é a própria e verdadeira substância da comunidade. Em suas homilias, ele [São Gregório Palamás] frequentemente examina o fato de que a perda de nossa relação com Deus implica em terríveis consequências às nossas relações interpessoais. Quando o noûs retira-se do coração e de Deus, a pessoa torna-se violenta, selvagem, e brotam daí os problemas sociais. No momento em que os sentidos dispersam o noûs no ambiente a parte passível da alma se submete a criaturas, o que acaba resultando no desenvolvimento de paixões e vícios.

A sociologia portanto está intimamente ligada à patologia e ao hesicasmo. Este é um dos pontos fundamentais dos ensinamentos de São Gregório Palamás e não deve ser ignorado.

O maior problema do homem, por mais paradóxico que seja, é a morte e suas assustadoras consequências. Depois do pecado e da entrada da morte no mundo, o homem vestiu as túnicas de pele do decaimento e da mortalidade. É exatamente isso que causa tantos problemas. Insegurança, ansiedade acerca do futuro, senso de mortalidade, doenças, proximidade da morte – eis alguns dos elementos que compõem a anormalidade do organismo psicossomático humano. A morte é um dos maiores problemas que o homem tem de enfrentar. Ora, a superação da morte, que só é possível mediante o hesicasmo, é aquilo de que o homem precisa e é aquilo de que a Igreja Ortodoxa dispõe e tem a oferecer.

Fonte: Metropolitan Hiertheos of Nafpaktos, Saint Gregory Palamas as a Hagiorite, Birth of the Theotokos Monastery, Levadia, Grécia, 1997, p. 241-242.