Todo ser humano passa pela tríade
trágica: dor/sofrimento (todo mundo vai sofrer), culpa
(todo mundo vai errar) e morte (todo mundo vai morrer). A única forma de
não passar por essa tríade seria não existir.
Passo 1.
Aceitar/admitir a tríade trágica com coragem. Portanto, a pergunta "por
que eu?" não faz sentido à luz da tríade trágica. O que faz sentido é
perguntar-se "por que agora?" ou, melhor ainda, "por que não
eu?"
Passo 2. Compreender
o trauma. Em outras palavras, buscar compreender o sofrimento mediante a
contextualização, entendendo como o sofrimento aconteceu. A ideia não é
encontrar uma "explicação" para o sofrimento, mas preparar para a
posterior conferência de novos significados às experiências traumáticas. O
sentido da vida continua a existir nas experiências traumáticas porque elas
fazem parte da vida. A ideia não é buscar um "porquê", mas um
"para quê". O homem que enfrenta o sofrimento e é capaz de
transformar o sofrimento em conquista é o que Frankl chama de homo patiens
e também de “homem superior”, por ser esta a maior capacidade humana. Alberto
Nery chama esta transformação de “alquimia do sentido”.
Passo 3.
Aprender a praticar o perdão. O perdão é uma escolha, mas pode ser aprendido e
exercido. Perdoar é uma noção de magnanimidade, ou seja, é colocar-se acima do
sofrimento. Mas note que a ideia é não apenas perdoar o próximo quando somos vítimas,
mas perdoar a si mesmo porque boa parte do nosso sofrimento tem a ver com
culpa. Quando nos culpamos nos colocamos como vítimas de nós mesmos. Lembre-se:
a culpa faz de você outra pessoa, portanto culpar-se prolongadamente é não apenas
prejudicial, mas irracional. A culpa é um privilégio que nos faz refletir, mas não
podemos nos deter na culpa. Para as pessoas religiosas, perdoar a Deus é
fundamental porque as experiências traumáticas podem fazer com que elas percam sua
fé.
Portanto, superar um trauma significa que
aquilo não vai doer mais, ou pelo menos não dói a ponto de lhe “ferir” novamente.
O trauma será lembrado como um pesadelo, como algo que durou pouco. É como uma
cicatriz que aponta para uma ferida que um dia doeu.
Fonte: Alberto Nery, A logoterapia e a superação de traumas emocionais, YouTube, 2019.