18 de julho de 2013

O último dia de meus 36 anos



George Gordon (Lord) Byron (1788-1824)

É hora do coração permanecer imóvel,
Pois em outros ele não mais se move:
Muito embora eu não possa ser amado,
Deixe-me amar!

Meus dias encontram-se em páginas amareladas;
As flores e frutos do amor se foram;
O verme, a ferida e o pesar
São todos meus!

O fogo que em meu âmago rapina
É solitário como uma ilha vulcânica;
Não há tocha que se acenda em suas labaredas--
Uma pira funerária.

Esperança, temor, cuidado invejoso,
A porção exaltada da dor
E o poder do amor, compartilhar não posso
Apenas acorrentar-me.

Mas não assim--e não aqui--
Pensamentos tais não perturbarão minh´alma agora,
Onde a glória adorna o esquife do heroi,
Ou ata sua fronte.

Espada, estandarte e o campo,
Glória e Grécia à minha volta me veem!
O espartano, nascido sob seu escudo,
Não é mais livre.

Desperta! (não a Grécia--ela está desperta!)
Desperta, espírito meu! Pensa através de quem
Teu sangue trilha seu lago parental,
Para então voltar para casa!

Esmaga as paixões que se renovam,
Hombridade indigna!--sob ti
Indiferente o sorriso ou o olhar
Da beleza deve ser.

Se te arrependes da tua juventude, por que viver?
A terra da morte honrosa
Está aqui:--para o campo, e dedique a ele
Teu fôlego!

Procura--menos almejado do que encontrado--
A sepultura de um soldado, para ti o melhor;
Então olha em volta, e escolha teu chão,
E repousa.

Fonte: Lord Byron: The Major Works, Oxford World´s Classics, 2008.