Eis a segunda leitura da República de Platão, conforme recomendada pelo The Great Ideas Program.
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The Great Ideas Program – Volume 10 – Philosophy
Second Reading – Plato, The Republic, Vol 7, pp. 386d-388a, 391b-401d
Sócrates divide o mundo em dois segmentos desiguais (proporção 2:1), que por sua vez são divididos em dois segmentos também desiguais (proporção 2:1). A desigualdade espacial dos segmentos refere-se à desigualdade em qualidade, isto é, quanto maior o segmento, mais importante (maior qualidade) terá.
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The Great Ideas Program – Volume 10 – Philosophy
Second Reading – Plato, The Republic, Vol 7, pp. 386d-388a, 391b-401d
Sócrates divide o mundo em dois segmentos desiguais (proporção 2:1), que por sua vez são divididos em dois segmentos também desiguais (proporção 2:1). A desigualdade espacial dos segmentos refere-se à desigualdade em qualidade, isto é, quanto maior o segmento, mais importante (maior qualidade) terá.
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Sócrates convida Glauco a examinar como devem ser formados os homens com o caráter para governar o Estado.
A ginástica e as artes não são as ciências hábeis para tal uma vez que são mecânicas, isto é, lidam com o que se transforma e morre (corporal). Procuramos a ciência do essencial, não do passgeiro, efêmero, transitório.
Sócrates, então, prossegue sua investigação distinguindo objetos que não conduzem a duas sensações opostas, isto é, que não provocam a análise, dos objetos que conduzem a duas sensações opostas, isto é, que provocam a análise (ou seja, que provocam a inteligência). Expliquemos: a visão, em si, é incapaz de distinguir grandeza de pequeneza, grossura de finura etc., assim como o tato é, em si, incapaz de distinguir lisura de aspereza etc. A alma, perplexa com a vacuidade dos sentidos, ou seja, perplexa porque os sentidos dizem que algo é pequeno e grande ao mesmo tempo, faz uso do raciocínio e da inteligência para detectar se o que é visto é uma ou duas coisas. A vista, em si, é incapaz de distinguir um de dois.
O espírito, recebendo o múltiplo, é constrangido a indagar nele a unidade, pois que vemos a mesma coisa una e múltipla. Eis por que a aritmética, buscando a unidade em todos os números, até o infinito, é adequada ao filósofo para que ele alcance a essência. A aritmética tem o poder, pelo raciocínio abstrato, de levar a alma a regiões superiores, de fazer ver mais facilmente a idéia do Bem.
Similarmente, a geometria é recomendada ao filósofo, não como mera aplicação utilitária, como normalmente fazem os militares e artesãos, mas para utilizar-se das grandezas e medidas a fim de atingir suas essências. Isso se aplica também à ciência dos sólidos (modernamente chamada de “geometria espacial”), embora Sócrates e Glauco julgassem tal ciência como ainda em estágio subdesenvolvido, imprópria para os estudos filosóficos. Por extensão, a observação feita à aritmética, geometria plana e geometria espacial aplica-se também a astronomia: a lentidão/rapidez dos movimentos, por exemplo, cuja verdade deve ser apreendida pela razão e pela inteligência.
E, assim como a astronomia está ligada a visão, há uma ciência equivalente à audição: a música. O filósofo deve dedicar-se procurando números nos acordes e descobrindo quais são os números harmônicos.
O progresso ou método empregado para cada uma dessas artes, a fim de atingir o limite do inteligível, é a dialética. A dialética faz uso das artes acima para elevar a alma do homem às regiões superiores. Não há, portanto, ciência superior à dialética.
Sócrates repete as qualidades físicas e intelectuais que o protofilósofo deve possuir (ver estudo anterior). É notável que Sócrates aconselhe que as artes não devam ser ensinadas de maneira forçada pois, ao contrário do corpo cujos exercícios físicos forçados deles se aproveita, a alma rejeita a educação forçada. Sócrates prossegue, afirmando que os jovens abaixo de 30 anos de idade não devem ter muito contato com a dialética, uma vez que dela abusarão rapidamente, usando-a como um truque ou jogo.
Sócrates entende ainda que os jovens com mais de 30 anos de idade devem entregar-se à dialética pelo dobro do tempo que entregaram-se ao exercício físico, ou seja, aproximadamente 5 anos. Depois, esses jovens deverão retornar à “caverna”, exercendo funções militares durante aproximadamente 15 anos. Resumo: aos 30, o jovem dedica-se 5 anos à dialética e, aos 35, dedica-se 15 anos à funções militares e políticas. E depois dos 50 anos?
Sócrates convida Glauco a examinar como devem ser formados os homens com o caráter para governar o Estado.
A ginástica e as artes não são as ciências hábeis para tal uma vez que são mecânicas, isto é, lidam com o que se transforma e morre (corporal). Procuramos a ciência do essencial, não do passgeiro, efêmero, transitório.
Sócrates, então, prossegue sua investigação distinguindo objetos que não conduzem a duas sensações opostas, isto é, que não provocam a análise, dos objetos que conduzem a duas sensações opostas, isto é, que provocam a análise (ou seja, que provocam a inteligência). Expliquemos: a visão, em si, é incapaz de distinguir grandeza de pequeneza, grossura de finura etc., assim como o tato é, em si, incapaz de distinguir lisura de aspereza etc. A alma, perplexa com a vacuidade dos sentidos, ou seja, perplexa porque os sentidos dizem que algo é pequeno e grande ao mesmo tempo, faz uso do raciocínio e da inteligência para detectar se o que é visto é uma ou duas coisas. A vista, em si, é incapaz de distinguir um de dois.
O espírito, recebendo o múltiplo, é constrangido a indagar nele a unidade, pois que vemos a mesma coisa una e múltipla. Eis por que a aritmética, buscando a unidade em todos os números, até o infinito, é adequada ao filósofo para que ele alcance a essência. A aritmética tem o poder, pelo raciocínio abstrato, de levar a alma a regiões superiores, de fazer ver mais facilmente a idéia do Bem.
Similarmente, a geometria é recomendada ao filósofo, não como mera aplicação utilitária, como normalmente fazem os militares e artesãos, mas para utilizar-se das grandezas e medidas a fim de atingir suas essências. Isso se aplica também à ciência dos sólidos (modernamente chamada de “geometria espacial”), embora Sócrates e Glauco julgassem tal ciência como ainda em estágio subdesenvolvido, imprópria para os estudos filosóficos. Por extensão, a observação feita à aritmética, geometria plana e geometria espacial aplica-se também a astronomia: a lentidão/rapidez dos movimentos, por exemplo, cuja verdade deve ser apreendida pela razão e pela inteligência.
E, assim como a astronomia está ligada a visão, há uma ciência equivalente à audição: a música. O filósofo deve dedicar-se procurando números nos acordes e descobrindo quais são os números harmônicos.
O progresso ou método empregado para cada uma dessas artes, a fim de atingir o limite do inteligível, é a dialética. A dialética faz uso das artes acima para elevar a alma do homem às regiões superiores. Não há, portanto, ciência superior à dialética.
Sócrates repete as qualidades físicas e intelectuais que o protofilósofo deve possuir (ver estudo anterior). É notável que Sócrates aconselhe que as artes não devam ser ensinadas de maneira forçada pois, ao contrário do corpo cujos exercícios físicos forçados deles se aproveita, a alma rejeita a educação forçada. Sócrates prossegue, afirmando que os jovens abaixo de 30 anos de idade não devem ter muito contato com a dialética, uma vez que dela abusarão rapidamente, usando-a como um truque ou jogo.
Sócrates entende ainda que os jovens com mais de 30 anos de idade devem entregar-se à dialética pelo dobro do tempo que entregaram-se ao exercício físico, ou seja, aproximadamente 5 anos. Depois, esses jovens deverão retornar à “caverna”, exercendo funções militares durante aproximadamente 15 anos. Resumo: aos 30, o jovem dedica-se 5 anos à dialética e, aos 35, dedica-se 15 anos à funções militares e políticas. E depois dos 50 anos?
[A]nd when they have reached fifty years of age, then let those who still survive and have distinguished themselves in every action of their lives, and in every branch of knowledge, come at last to their consummation: the time has now arrived at which they must raise the eye of the soul to the universal light which lightens all things, and behold the absolute good; for that is the pattern according to which they are to order the State and the lives of individuals, and the remainder of their own lives also; making philosophy their chief pursuit, but, when their turn comes, toiling also at politics and ruling for the public good, not as though they were performing some heroic action, but simply as a matter of duty; and when they have brought up in each generation others like themselves and left them in their place to be governors of the State, then they will depart to the Islands of the Blessed and dwell there; and the city will give them public memorials and sacrifices and honor them, if the Pythian oracle consent, as demigods, but if not, as in any case blessed and divine. (pág. 401b [540]).
Sócrates lembra que o que foi dito é difícil, mas não impossível de acontecer. Basta que apenas um filósofo se torne rei. Então, as crianças com 10 anos serão separadas dos pais e educadas nos princípios desse filósofo-rei.
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SELF-TESTING QUESTIONS
1. Que outro uso, além do filosófico, Platão admite para os matemáticos?
Uso militar.
2. Quais as duas razões que explicam o subdesenvolvimento das ciências matemáticas?
- Nenhum governo as patrocina.
- A dificuldade de encontrar um professor/guia.
3. Quais males o estudo da dialética introduz?
- O mal da desordem, em função das constantes refutações às quais um homem pode ser alvo, tornando-se indiferente quanto a valores como honra/desonra, honestidade/desonestidade, prudência/imprudência etc.
- O mal do ceticismo, que acomete em especial os jovens que fazem uso da dialética por diversão, refutando aqui e ali sem parar, terminando em nada acreditar.
4. Em que idade o estudante de filosofia está pronto para a visão do bem absoluto?
Aos 50 anos de idade.
5. Que operação matemática é necessária em todas as artes e ciências?
O cálculo.
6. Por que a ginástica é rejeitada enquanto educação para a filosofia?
Porque é uma ciência mecânica, que lida com aquilo que é gerado e corrompido, ou seja, que é efêmero e passageiro, e não com o essencial e imutável.
7. Quais os dois tipos de objeto de sentido, em relação ao pensamento?
- Objetos não convidativos ao pensamento, já que os sentidos bastam para julgá-los.
- Objetos intrigantes, que exigem investigação por parte do pensamento e do raciocínio.