Nascido no Egito, São Sisoé viveu primeiramente em Cetis e, após a morte de Santo Antônio, transferiu-se para a montanha do deserto na qual Santo Antônio vivera em asceticismo e que posteriormente recebeu seu nome. Ele adquiriu a humildade mediante intensos combates contra si próprio, tornando-se manso e inocente como um cordeiro. Por causa disso, Deus concedeu a Sisoé os inestimáveis dons da cura, do exorcismo de espíritos impuros e da ressurreição de mortos. Sisoé viveu no deserto por sessenta anos, tornando-se fonte viva de sabedoria para todos aqueles que vinham lhe pedir conselhos, sejam monges ou leigos. No leito de morte, o rosto de Sisoé brihou como o sol. Os monges que se encontravam em torno dele se maravilharam deste feito e, quando o santo entregou seu espírito, o recinto inteiro encheu-se de uma fragrância maravilhosa. Ele repousou em idade avançada, no ano de 429. São Sisoé ensinara a seus monges: "Quando vier a tentação, o homem deve entregar-se à vontade de Deus, reconhecendo que as tentações surgem por causa de seus pecados. Se algo bom terminar, o homem deve reconhecer que esse algo terminou pela providência de Deus". Um monge lhe perguntou: "Como agradar a Deus e ser salvo?" O santo respondeu: "Se tu desejas agradar a Deus, retira-te do mundo, aparta-te das coisas terrenas, deixa para trás a criação e junta-te ao Criador, une-te a Deus com orações e lágrimas e, assim, encontrarás repouso neste mundo e no próximo". Um monge perguntou a Sisoé: "Como adquirir a humildade?" O santo respondeu: "Quando o homem aprende a considerar todos os demais melhores que si próprio, então terá adquirido a humildade". Certa vez, Ammon queixou-se a Sisoé porque não conseguia memorizar as sábias palavras que lia, de maneira que não conseguia citá-las em suas conversas. O santo respondeu-lhe: "Isso não é necessário. O que é necessário é adquirir a pureza da mente e falar a partir dessa pureza, depositando tuas esperanças em Deus".
[The Prologue from Ochrid: Lives of the Saints and Homilies for Every Day in the Year -- Parte 3, Bishop Nicholas Velimirovich, Lazarica Press, Birmingham, Inglaterra, 1986]
As riquezas não sobrevivem; a glória não acompanha ninguém ao outro mundo; a beleza se modifica; a juventude passa e a velhice chega; a saúde se desvanece; a doença desponta; a sepultura desintegra tudo em nada.
Quando visitamos nossa morada perpétua, nosso túmulo, veremos com nossos próprios olhos toda a futilidade do homem, conforme disse São Sisoé quando viu o túmulo de Alexandre, o Grande, e gritou: "Ah, morte! O mundo inteiro não foi grande o bastante para ti, Alexandre. Como então tu estás contido agora em dois metros de terra?"
[...]
Um padre estava levando um irmão monge para julgamento, ou melhor, para acusá-lo. Dirigindo-se ao Pe. Sisoé, disse-lhe:
"Padre, quero prestar queixa contra meu irmão porque ele fez isso e isso de ruim contra mim".
"Desculpe-o. Perdoa-o".
"Não", respondeu ele, "se eu o perdoar, ele fará a mesma coisa contra mim novamente. Este homem precisa ser punido".
"Ora, tudo bem, meu filho. Então vamos rezar uma oração e partir".
Eles se ajoelharam e o Pe. Sisoé começou a rezar: "Pai nosso...e não perdoa as nossas dívidas assim como nós não perdoamos aos nossos devedores..."
"Não, padre, está errado", disse ele, "tu cometeste um erro".
"Já que tu queres levar teu irmão a julgamento, então é assim que rezaremos".
Foi então que o monge percebeu seu erro, arrependeu-se e não mais denunciou seu irmão.
[Counsels from the Holy Mountain, Elder Ephraim, Saint Anthony's Greek Orthodox Monastery, Florence, Arizona, Estados Unidos, 2000]