Hoje não sou o mesmo de ontem e nem sei até quando serei o mesmo de hoje, porque o homem muda com o tempo, mas a essência continua a mesma.
Que as palavras continuem a brotar e eu consiga atravessar a ponte, porque esse é o destino de todo homem que sonha e luta.
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A realidade é como uma flor
Cheia de espinhos no corpo
Suas pétalas jazem na calçada
E seu perfume cheira a esgoto
Eu via todos os dias a coitada
Caminhando para lá e para cá
Realidade ensanguentada
Realidade baleada na favela
Realidade feita de corpos negros
Corpos de homens e mulheres
Jogados na viela da periferia
A cara da realidade é triste
Não chega nem a ter alegria
É como a comida ausente
Na barriga magra da esperança
Fonte: Wesley Barbosa, Viela ensanguentada, Ficções Editora, São Paulo, SP, Brasil, 2022.