Pe. Damascene Christensen
Antes de versarmos sobre a vida espiritual do homem, é
necessário que compreendamos o que é, afinal, o espírito humano. Não é
necessária nenhuma revelação divina para entendermos isso. É perfeitamente
possível, pelo menos em parte, que saibamos o que é o espírito humano mediante
a simples observação atenta e silenciosa de nosso próprio ser interior.
Portanto, ninguém deve se surpreender ao perceber que a antiga doutrina cristã
sobre o espírito humano encontra paralelos idênticos com a doutrina dos
seguidores chineses de Lao Tsé.
O espírito humano não é um pedaço do Espírito do Criador,
mas uma imagem dEle: é a parte mais pessoal do homem, o princípio de sua
consciência e liberdade. Poderíamos dizer que o espírito é o trono ou centro da
pessoa humana, o qual contém em si a totalidade da natureza humana.
O espírito é aquilo que constitui a “imagem de Deus” em nós.
Se Deus é Luz, então o espírito humano também é luz. Por ter sido soprado pelo
próprio Deus em nós, o espírito busca a Deus, conhece a Deus, e somente nEle
encontra seu devido repouso. [1]
Dado que a criação veio a existir através do Verbo – o
Tao/Logos –, ela agora é guiada e sustentada por Ele, ou seja, é como que informada
pelo Verbo. O espírito é precisamente a faculdade capaz de “ouvir” a voz
silenciosa do Verbo falando em nós.
Tanto o Cristo quanto Lao Tsé chamavam o espírito humano de
“luz”. [2] Com o tempo, os seguidores da doutrina de Lao Tsé passaram a
chamá-lo de “espírito original” (yüan-shen) e os antigos ascetas
cristãos passaram a chamá-lo de nous, uma palavra grega que poderia ser
traduzida como “espírito” ou “mente superior”. [*]
Na vida do homem caído e irregenerado, o espírito
encontra-se como que escondido atrás da consciência inferior dos pensamentos,
fantasias e emoções. Na terminologia cristã tradicional essa consciência
inferior é conhecida como o aspecto inferior da “alma”. Os seguidores chineses
de Lao Tsé a chamam de “espírito consciente” ou “espírito do conhecimento” (shih-shen).
[3]
Potencialmente falando, o espírito (nous ou yüan-shen)
é uma consciência pura, informe, desprovida de imagens, incondicionada e
incomposta, cujo objetivo e desígnio é aproximar-se o mais que possível de
Deus, unindo-se a seu Criador. Desde que purificado, o espírito é capaz de conhecer
a Deus e as essências interiores das coisas criadas mediante a percepção
intuitiva direta. Entre as criaturas visíveis, somente o homem possui um
espírito.
A alma inferior (shih-shen), por outro lado, é
moldada e condicionada por aspectos culturais e pessoais. Ela reage ao ambiente
em que está inserida, a exemplo dos animais, ocupando-se das necessidades
temporais e terrenas do homem. Desde o tempo em que o homem afastou-se do
Caminho, a alma inferior tornou-se uma massa de emoções, memórias e pensamentos
compostos, buscando conhecer as coisas mediante a imaginação e a dedução
abstrata. Na sua porção mais inferior, a alma inferior assemelha-se à alma de
um animal, já que os animais também possuem emoções, memória e imaginação. [4]
Em última instância, a distinção entre espírito e alma
inferior é mera analogia. Em outras palavras, isso significa que não existem
dois seres em nós, ou seja, o espírito e a alma inferior são como que dois
aspectos diferentes de nosso ser interior. O espírito é o lado oculto de nosso
ser interior, a parte mais pura da alma. [5] Os antigos mestres cristãos
chamavam o espírito de “olho da alma”, pois ele é o “órgão” que percebe a
Divindade.
O grande autor místico Máximo, o Confessor, (+ 662 d.C.)
ensinou o seguinte a respeito da alma: “A alma possui três faculdades:
primeiro, a faculdade da nutrição e crescimento; segundo, a da imaginação e
instinto; terceiro, da inteligência superior (logikos) e do espírito (nous).
As plantas apresentam apenas a primeira dessas faculdades; os animais a
primeira e a segunda; os homens possuem as três. As primeiras duas faculdades
são perecíveis; a terceira é evidentemente imperecível e imortal”. [6]
Portanto, o homem é composto de corpo e alma, sendo o
espírito a parte mais superior da alma, o que nos permite chamá-lo de “alma
superior”. Lao Tsé fez precisamente isso no capítulo 10 do Tao Te Ching,
referindo-se à “alma superior” e à “alma inferior” ou “animal”. [**]
Na vida interior do homem, o espírito foi designado para ser
o mestre, enquanto a alma inferior deveria ser a serva e o corpo o servo de
ambos. “O verdadeiro governante”, ensinou São Máximo, “é aquele que governa a
si próprio, sujeitando a alma e o corpo ao espírito”. [7]
São Teófano, o Recluso, (+ 1894), que foi um dos maiores professores
modernos da antiga sabedoria, ensinou também: “Segundo seu desígnio natural, o
homem deve viver no espírito, subordinar tudo ao espírito, viver penetrado pelo
espírito em tudo aquilo que é da alma e mais ainda em tudo aquilo que é físico
– além disso, também nas coisas exteriores, ou seja, na vida familiar e social.
Esta é a norma!” [8]
Quando esta hierarquia for devidamente respeitada, não mais
depositaremos nossa confiança em pensamentos, fantasias e raciocínios. Mesmo em
nossos afazeres cotidianos, condicionados que são pela cultura e pelo entorno,
a alma continuamente retornará ao conhecimento intuitivo direto do espírito.
Conforme ensina Lao Tsé: “Use sua luz para retornar à luz da intuição”. [9] A
alma conhece a Verdade através da sua conexão inquebrantável com o espírito e a
respectiva subordinação a ele, enquanto o espírito conhece a Verdade através de
sua conexão e subordinação a seu Criador, o Tao/Logos.
São Teófano ensina ainda: “Quando o espírito reina supremo
no homem, embora seja seu caráter e postura exclusivos, ele não erra. Isso
acontece porque, em primeiro lugar, a espiritualidade é a norma na vida humana,
e por isso, sendo espiritual, o homem é uma pessoa real, enquanto o homem
intelectual ou carnal não é uma pessoa real. Em segundo lugar, a despeito do
grau de sua espiritualidade, o homem obrigatoriamente tem de colocar o
intelectual e o carnal no seu devido lugar; ele guarda apenas um pouco deles,
ambos subordinados ao espírito. Que a intelectualidade, portanto, não lhe seja tão
ampla (em conhecimento cientifico, artístico e demais assuntos) e que a
carnalidade lhe seja rigidamente restrita – então ele será uma pessoa real,
íntegra. Mas o homem intelectual (o especialista, o connoisseur, o
inteligente) – e pior ainda o homem carnal – não é uma pessoa real, a despeito
de seu aspecto exterior e de sua reputação”. [10]
Quando a humanidade afastou-se do Caminho, essa hierarquia
natural inverteu-se. O corpo e o aspecto inferior da alma passaram a ser os
mestres, assumindo, por assim dizer, o controle do ser humano, o qual agora se
encontra tomado por pensamentos, imaginações, emoções e ocupações corporais.
A alma do homem caído encontra-se agora sob a ilusão de sua
auto-suficiência. Isso significa que ela não se contenta apenas com as
necessidades temporais do homem (comida, roupa, abrigo), mas busca também meios
para sua própria ascendência e para o prazer sensual. Essa alma tornou-se (ou
melhor, apegou-se a) aquilo que hoje chamamos de “ego”. Se o espírito é nosso
verdadeiro eu – o trono verdadeiro de nossa pessoalidade – o ego é nosso falso
eu, uma entidade ilusoriamente auto-suficiente. Já que ele acha que consegue
alcançar seus objetivos e superar os obstáculos mediante seus próprios poderes,
podemos chamar o ego de nosso falso “solucionador-de-problemas”.
Apossando-se do homem por meio da ilusão de sua autonomia, o
ego faz o que pode para ocultar a existência do espírito. Dessa forma, o
espírito não consegue cumprir o desígnio de elevar-se a Deus, obscurecendo sua
luz. Não que sua luz tenha se apagado; ela ainda é luz, mas por estar apartada
do Criador, essa luz encontra-se como que em trevas. É por isso que o Cristo
disse: Vê, pois, que a luz que em ti há não sejam trevas. [11]
Por ter sido escravizado pelo ego no mundo dos sentidos, o
espírito caiu doente. A única cura para essa doença é devolver ao espírito o
domínio que lhe é devido, resgatando a alma da forma de ego em que se encontra.
Quando então a alma inferior for refinada, segundo São Teófano, “a alma
crescerá dentro do espírito e nele se permeará”. [12] [***] Lao Tsé descreve
esse fenômeno da seguinte forma:
Quando a alma
superior e a alma inferior forem unidas em
um mesmo enlace, é
possível evitar que se separem. [13]
Quando a alma assume sua posição de serva, alinhando-se com
o espírito, então o espírito volta a si e cumpre naturalmente seu verdadeiro
propósito, ascendendo ao Criador. São Basílio, o Grande, (+379) descreve esse
processo espiritual da seguinte forma: “Quando o espírito [nous] não
estiver dedicado a afazeres exteriores nem disperso mundo afora pelos sentidos,
ele volta-se para si mesmo e ascende espontaneamente em contemplações a Deus”.
[14]
Lao Tsé, ao concentrar seu espírito e não permitir que se
dispersasse no mundo sensorial, foi capaz de participar dessa experiência. Diz
ele:
As cinco cores cegam os olhos dos homens;
Os cinco tons ensurdecem os ouvidos dos homens;
Os cinco sabores embotam o paladar dos homens;
O galope e a caça desconcertam a mente dos homens.
Artigos raros desviam do curso.
Por causa disso o sábio não considera o olho, mas as coisas
interiores. [15]
Por este relato, o espírito de Lao Tsé foi capaz de ascender
em contemplação às qualidades do Tao, alinhando-se com o Caminho do Céu.
Agora que o Tao se fez carne, abriu-se a possibilidade de
uma conexão muito mais intensa entre o espírito humano – o trono de sua
verdadeira pessoalidade – e a Pessoa do Tao. Trata-se de uma conexão que se
desenvolve para uma união, ou seja, para uma verdadeira deificação do espírito
humano através de uma ação específica do Te Incriado. [O autor entende que o
“Te” de Lao Tsé é o mesmo que a “Graça” da espiritualidade cristã – N. do T.]
Antes de descrevermos essa condição exaltada do espírito humano, é necessário
que versemos em maiores detalhes sobre nossa condição atual e irregenerada, de
modo que saibamos o que afinal temos de transcender e superar.
No momento em que desobedeceu ao Caminho pela primeira vez,
surgiu no homem um senso de que ele se tornou errado. Esse senso do
errado (“o conhecimento do bem e do mal”) marcou o nascimento do ego e, por
conseguinte, da autoconsciência. O homem perdeu assim a roupa da Luz
Incriada com a qual havia se vestido, tornando-se cônscio de que estava nu
(Gênesis 3:10).
Uma vez que o ego humano nasceu a partir da tentativa de
tornar-se deus para si próprio (Gênesis 3:5), é da própria natureza do ego
tentar tornar-se autônomo. É por isso que o ego reluta em admitir que esteja
errado; admitir isso seria admitir que ele não é um deus e que há um padrão
acima de si próprio. O medo dessa admissão foi constatado pela primeira vez na
tentativa do ego de esconder-se da presença do Senhor Deus entre as árvores
do jardim (Gênesis 3:8).
Mas não é apenas a si próprio que o ego tenta ocultar de
Deus; conforme vimos, ele também tenta ocultar o espírito, pois o espírito
também transmite ao ego o senso de errado. Dado que é o espírito, e não o ego,
que deveria ser o mestre da pessoa, sua própria presença denuncia o ego como
falso usurpador, destruindo o próprio fundamento na qual o ego apóia sua
existência.
Como é possível que o ego afogue-se em sua própria
gratificação ao mesmo tempo em que oculta a realidade onipresente de Deus e do
espírito? Ora, de que outra maneira senão pela constante distração em
prazeres sensuais, pensamentos, memórias e fantasias? Por conseguinte, a queda
do homem na desobediência foi sob certo ponto de vista uma queda na distração,
e foi assim que sua consciência chegou a tornar-se composta e fragmentada da
maneira como é hoje.
Ao distrair-se para não encarar o senso de errado, o homem
busca precisamente aquilo que originalmente o deixou nesse estado: o amor
próprio e o prazer sensual. Gratificando-se, o homem volta a se sentir “certo”
– apenas temporariamente, claro. Na verdade, ele apenas intensificou seu atual
estado, de maneira que precisará de distrações cada vez maiores em doses cada
vez maiores para sentir-se “certo” de novo. Passo a passo, o homem avança no
caminho de sua autodestruição, tentando superar a queda apelando à própria
causa dela.
O ego busca qualquer garantia de que está tudo bem, de que
não cometeu erro algum, de que ele é Deus realmente. Nosso eu consciente
pode até não admitir que isso esteja acontecendo, mas o objetivo da vida do ego
não passa disso: encontrar qualquer coisa que o faça esquecer do verdadeiro eu
e esquecer de sua condição hedionda, fazendo-o sentir-se, nem que seja por um
instante, como Deus, sentir que ele está no controle, por cima de tudo e de
todos, auto-suficiente. Este é o princípio que está por trás do constante desejo
de escapar aos prazeres sensuais – comida, sexo, drogas, álcool, cigarro,
entretenimento etc – e do desejo de inflar-se mediante o ódio, o julgamento e a
condenação alheia.
Para cumprir seu objetivo, o ego (ou o
“solucionador-de-problemas”) atua por meio de dois poderes: (1) o poder
calculador do cérebro humano, equipado com as faculdades da análise, da
criatividade, do planejamento e da fantasia, e (2) o poder do ressentimento.
Com a calculadora, o ego tenta conseguir algo, dando a si mesmo a
impressão de que está por cima de tudo. Com o ressentimento, o ego tenta
automaticamente – por hábito, sem pensar – estar por cima de algo ressentindo
ou julgando (condenando) esse algo. Quando o processo do ressentimento é
disparado, nenhuma emoção ou mesmo pensamento entra em jogo. O ressentimento é
uma espécie de mecanismo do qual o ego lança mão para imediatamente exaltar-se
acima de algo ou alguém, sobretudo alguém que o faz se lembrar de que não é um
deus, para só depois os pensamentos e as emoções se juntarem a esse
ressentimento.
Quando somos verdadeiramente humildes e submissos a Deus, é
possível discernir o certo do errado sem julgar ou condenar. Mas quando
brincamos de ser Deus, não conseguimos exercer essa distinção; só conseguimos
julgar. Mesmo que o julgamento esteja tecnicamente correto, ainda assim ele é
essencialmente errado, pois foi elaborado para que nos sintamos mais certos do
que a pessoa que julgamos. Trata-se de julgamento ao nível do ego,
apartando-nos de Deus, e não de discernimento ao nível do espírito, que vem de
Deus. Não julgueis segundo a aparência, ensinou o Cristo, mas julgai
segundo a reta justiça. [16] Infelizmente, o sujeito orgulhoso será incapaz
de diferenciar entre os dois, mas julgará segundo as aparências pensando estar
discernindo. O único fator que os distingue é a humildade.
Quando uma injustiça recai sobre a pessoa humilde, ela não
reagirá internamente; ela discernirá a injustiça sem ressentir-se dela. Quando
a mesma injustiça recair sobre a pessoa que tem um ego, ela imediatamente
reagirá com ressentimento. Em ambos os casos, isso acontece sem nenhum
pensamento. Quando o ressentimento transforma-se em pensamento, temos o que
chamamos de julgamento.
Se a vontade da pessoa estiver subconscientemente inclinada
a desejar estar por cima de tudo e se fazer de Deus, sua consciência atrairá
para si todo tipo de pensamento através dos quais ela poderá cultivar, saborear
e talvez até cumprir seu desejo: pensamentos de aceitação e admiração,
pensamentos julgamentais, pensamentos sensuais e materiais etc. Se a pessoa
continuar brincando com esses pensamentos, as emoções surgirão e se agregarão a
eles. “Emoção” significa literalmente e-moção, ou seja, “mover-se de,
afastar-se”; é por meio das emoções que a pessoa se afasta de seu verdadeiro
eu, de seu espírito.
Ocorre que, apegando-se a esses pensamentos, as emoções
despertam ainda mais pensamentos. A pessoa acaba afogando-se em um caldeirão de
pensamentos e sentimentos, vivendo assim em uma espécie de realidade virtual,
sem saber que pode sair dela se quiser. As deliberações dessa pessoa tornam-se
compulsivas, deixando-se inflamar pelo trinômio pensamento-desejo-emoção, o
qual chamamos de “paixão”. Eis a vida do ego. O espírito humano passa a ser
guiado exclusivamente pelas paixões, afastando-se cada vez mais de seu Criador.
[*] A palavra nous [alguns dicionários em português
trazem a palavra assim mesmo, “noûs” – N. do T.] normalmente é traduzida como
“intelecto”, a exemplo do que foi feita na edição em língua inglesa da
Filocalia. Essa tradução, no entanto, pode ser muito enganosa, pois
modernamente usamos “intelecto” com a conotação de razão abstrata ou dedutiva,
da qual o noûs deve ser cuidadosamente distinguido. Optamos por traduzir noûs
como “espírito”, pois entendemos que essa palavra porta melhor o sentido
original da palavra.
[**] P´o (“alma inferior”, “alma animal”, “alma do
corpo”) e ying, o qual, segundo Gi-ming Shien, é o mesmo que hun
(“alma superior”, “alma do sopro”, “alma do espírito”). Na antiga concepção
chinesa, o hun passa para o outro mundo quando o corpo morre. De maneira
similar, a antiga tradição cristã ensina que somente o noûs passa para a vida
futura no momento da morte, enquanto os poderes inferiores da alma deixam de
existir. (Cf. Fr. Dumitru Staniloae, Orthodox Spirituality, p. 86-87,
96-97).
[***] Sobre a união da alma com o espírito, cf. Santo
Isaías, o Solitário, On Guarding the Intellect, The Philokalia,
vol. 1, p. 26.
[1] Lossky, Mystical Theology, p. 201; St. Theophan the Recluse, The Spiritual Life, p. 61-62.
[2] Lucas 11:35; Tao Te Ching, cap. 52.
[3] Lü Tung-pin [Lü Yen], The Secret of the Golden Flower, Thomas Cleary, trans., p. 13-15, 138-139.
[4] St. Theophan, The Spiritual Lifei, p. 61.
[5] Pomazansky, Orthodox Dogmatic Theology, p. 135. St. John Damascene, "Orthodox Faith", p. 236.
[6] The Philokalia, vol. 2, p. 88.
[7] Ibid., p. 308.
[8] St. Theophan, The Spiritual Life, p. 75.
[9] Tao Te Ching, cap. 52 (Rose and Mair, trans.).
[10] St. Theophan, The Spiritual Life, p. 74-75.
[11] Lucas 11:35.
[12] St. Theophan, The Path to Salvation, p. 260.
[13] Tao Te Ching, cap. 10 (Rose trans.).
[14] St. Basil, letter 2, p. 7.
[15] Tao Te Ching, cap. 12 (Gi-ming Shien, trans.).
[16] João 7:24.