20 de setembro de 2024

As marcas da maturidade e sua relação com as virtudes cardeais


A questão da maturidade, a despeito do que se poderia imaginar, não é algo que interesse somente aos jovens adultos que lutam para conquistá-la. Pelo contrário, é um tema que deveria interessar ainda mais aos adultos mais velhos precisamente para atestarem que sua idade biológica não os deixará trair. Maturidade, no fim das contas, é um eufemismo de normalidade, de sanidade. Atingir a maioridade é fácil: basta estar vivo, bem alimentado e ter evitado situações de perigo durante a infância e adolescência. A maioridade virá, quer queira, quer não. Mas não é assim com a maturidade. Ao contrário dos animais, que não precisam atingi-la porque não têm uma parte espiritual (intelecto e vontade) à qual devam ordenar suas vidas afetivas, mesmo se tratando de animais superiores, suas vidas resumem-se aos sentidos e paixões afetivas. Um gato é o mesmo gato da Grécia antiga, do Império Bizantino, da China, da Idade Média europeia, e será o mesmo gato do Brasil no ano que vem. Com os homens, evidentemente, a coisa é mais complicada.

A maturidade humana é atingida quando o homem passa pela sua segunda navegação, ou seja, quando foi capaz, ainda na adolescência ou quando jovem adulto, a fazer a travessia da vida sensível para a vida inteligível. A mens (intelecto e volição) e seu desenvolvimento, a descoberta de sua intimidade, a busca pelo seu aperfeiçoamento mediante as virtudes, o reconhecimento do fim último e dos meios necessários para atingi-lo, todas estas preocupações, enfim, estão no centro da personalidade do homem maduro. O homem imaturo, embora tenha idade, não tem vida espiritual e intelectual, mas, ao invés disso, tem somente vida afetiva. É uma vida animal, apenas com a notável distinção da linguagem e de sua forma física humana característica.

Já vimos aqui neste blog algo sobre as características da maturidade. Por exemplo, Kevin Fitzmaurice tem uma obra, talvez a melhor sua, dedicada ao tema. Para ele, a exemplo de outros psicólogos da linha TCC, é ensinar a responsabilidade e a honestidade emocionais. Vimos que um dos traços da maturidade é precisamente alcançar maiores graus de maturidade. Similarmente, a psicóloga espanhola Leonor Lega traça algumas características do homem adulto, ou seja, maduro.

O que veremos aqui são mais alguns traços (ou “marcas”) de maturidade, mas dessa vez enumerados por Brett McKay. No entanto, vamos procurar relacioná-las com as 4 virtudes cardeais e, assim, dispô-las de maneira mais organizada e interessante (clique na imagem).

 

Fonte: Brett McKay, As 33 marcas da maturidade, Editora Auster, Campinas, SP, Brasil, 2021.