Há três
ideias básicas que caracterizam a REBT e a diferenciam das terapias
cognitivo-comportamentais convencionais.
- A primeira ideia é a solução elegante. A REBT entende que nós não ajudamos as pessoas quando fugimos da ideia de que coisas ruins possam acontecer com elas. A terapia funciona melhor quando fornece às pessoas mecanismos eficazes para lidar com situações ruins e negativas. Assim que a famosa pergunta de Albert Ellis nas suas terapias continua sendo perfeitamente válida: “Qual a pior coisa que pode acontecer com você?” Lidar com situações negativas exige uma análise filosófica de seus próprios recursos, valores e lugar no universo. Esta postura filosófica é a ideia central da obra de Ellis. Ela vai de encontro à tendência humana de negação. Infelizmente, a maioria dos terapeutas provavelmente nunca aceitará esta ideia.
- O segundo aspecto da REBT é a ênfase que Ellis aplica ao papel da exigência nos transtornos emocionais. Expressões como “tem que”, “precisa”, “deveria”, “não pode” possuem vários sentidos. Um dos sentidos tem a ver com as atividades ou coisas que são preferíveis, desejáveis ou benéficas. O segundo conjunto de sentidos afirma que o “tem que” é a premissa primeira em um silogismo condicional. Se você quer X então tem que fazer Y. O terceiro sentido se refere a alguma realidade. Por exemplo: se você soltar a caneta ela tem que cair na mesa. Ocorre que nós usamos a mesma expressão para representar o desejável e preferível e a realidade. Assim sendo, as pessoas transformam suas preferências em leis da física. O conceito de exigência é abstrato e difícil de entender. O próprio Ellis notava que muitos clientes nunca conseguiram entender a diferença entre preferência e exigência. Quando conseguiam entendê-la, dizíamos que aceitaram a realidade.
- A terceira ideia, que é bastante impopular fora do círculo da REBT, é o que Ellis ensinava sobre a autoestima. A maioria dos psicólogos e profissionais da saúde mental acreditam, assim como a REBT, que a autocondenação produz depressão, culpa, ansiedade e outros transtornos emocionais. A solução de Ellis é abandonar a autoestima e parar de se autoavaliar. A muitos psicoterapeutas isso soa bizarro e incompreensível. A noção de evitar autoavaliações e abandonar a autoestima é simplesmente impopular. É improvável que evitar as autoavaliações seja uma prática a ser adotada no curto prazo.
A REBT
defende algumas ideias filosoficamente abstratas e impopulares, por isso acho que ela
continuará sendo uma terapia distinta das demais terapias
cognitivo-comportamentais convencionais. A técnica parece ser preferida à
compreensão. Creio que os psicoterapeutas em geral não estão prontos para uma
abordagem filosófica em suas terapias.
Fonte:
Raymond DiGiuseppe, Reflection on My 32 Years with Albert Ellis, Journal
of Rational Emotive and Cognitive-Behavior Therapy, dezembro de 2011.