Embora São Gregório Palamás aceite a ideia de seu oponente
Barlaão – que, afinal, era filósofo – de que todo bem no mundo é um dom de Deus
e que todo dom é perfeito, ele não deixa de notar que, se todo dom é perfeito então ele também é perfeitíssimo – e isso forçosamente deve
se aplicar à filosofia, que é um dom natural, não espiritual. Sob certas condições,
a filosofia certamente introduz o homem no conhecimento dos seres existentes,
porém, dado que esse conhecimento não pode ser igualado ao conhecimento divino,
é óbvio que nem a ignorância é sempre má, nem o conhecimento é sempre bom. É
exatamente por isso que a busca pela filosofia não deve ser impedida, ao passo
que sua malversação deve ser denunciada.
É muito claro que os objetos de estudo da filosofia e da teologia
são diferentes. A filosofia volta-se para a investigação da natureza e do
movimento dos seres e, ademais, para a determinação dos princípios da vida
social organizada; se ela opera dentro destes limites, então é um tratado sobre a verdade, mas se ela
busca mover-se para além desses limites, torna-se uma ocupação sem sentido e,
portanto, inútil e deletéria. A teologia volta-se àquilo que está para além da
filosofia, ou seja, para as realidades invisíveis e eternas dadas pela filosofia cristã.
Com o tempo, a consciência eclesiástica encontrou o lugar adequado
para os sábios da Antiguidade ao instalá-los no nártex das igrejas ou nos
refeitórios dos mosteiros, visto que constituem o vestíbulo do edifício das
verdades cristãs.
Fonte:
Panagiotes Chrestou, Greek Orthodox
Patrology, Orthodox Research Institute, 2006, 110-116.
Figura: Pintura a fresco de Platão no nártex do Mosteiro Vatopaidi, Grécia, 1858, por Nikephoros. Em seu manuscrito lê-se: "O velho é novo e o novo é antigo. O Pai está na Descendência e a Descendência está no Pai; o Um está dividido em Três e o Três constitui Um".