Julia nasceu em Cartago [na atual Tunísia], de família nobre. Quando os persas tomaram Cartago, muitas pessoas foram escravizadas. Santa Julia foi capturada, escravizada e entregue a um mercador sírio, que era pagão. Percebendo que Julia era cristã, tentou convencê-la por diversas vezes a negar o Cristo e juntar-se ao paganismo, mas Julia jamais concordaria com suas propostas. Porém, como Julia era confiável e muito leal em seu serviço, o mercador resolveu deixá-la em paz e não mais falar-lhe sobre questões de fé.
Um dia, o mercador resolveu carregar seu barco com produtos e, tomando Julia consigo, navegou por terras distantes para fazer negócios. Quando chegaram na Córsega, havia ali uma grande festa pagã. O mercador juntou-se à festa e começou a fazer oferendas blasfemas. Julia permaneceu no barco, e chorava muito, pois muitos homens viviam em erros tolos e não conheciam a verdade.
De alguma maneira, os pagãos ficaram sabendo de Julia e a removeram do barco, apesar de seu mestre não ter concordado com isto. Eles começaram a torturá-la. Eles cortaram seus seios fora e atiraram-na em uma rocha. Depois, crucificaram-na em uma cruz na qual Santa Julia entregou sua alma a Deus.
A morte de Santa Julia foi revelada por um anjo aos monges de uma ilha próxima, chamada de Margarita ou Górgona. Os monges foram até o local e solenemente enterraram o corpo da mártir. Muitos milagres ocorreram na sepultura de Santa Julia ao longo dos séculos, sendo que ela apareceu em pessoa a algumas pessoas. Ela repousou no Senhor no século VI.
Muitos anos depois, os fiéis tiveram a idéia de construir uma nova igreja em outro local a fim de honrar Santa Julia, já que a velha igreja era muito pequena e encontrava-se deteriorada. Assim, eles arregimentaram todo o material necessário, como pedras, tijolos, areia e tudo o mais. Ocorreu que, naquela noite, na véspera do dia em que pretendiam assentar os primeiros tijolos, todo o material foi movido por uma mão invisível para a velha igreja. Confusos, os homens carregaram todo o material de volta para o local da nova igreja, mas a mesma coisa aconteceu outra vez: o material foi deslocado para o terreno da velha igreja. O vigia noturno viu uma jovem senhorita "toda incandescente", em gado branco, carregando o material para a velha igreja. Foi então que todos entenderam que Santa Julia não desejava que a igreja fosse construída em outro local. Assim, os fiéis demoliram a velha igreja e construíram uma nova igreja exatamente no mesmo lugar.
Fonte: São Nicolau Velimirovich, Os Prólogos de Ochrid, 29 de julho.
Durante a tomada de Cartago [na atual Tunísia], uma menina cristã de nome Julia foi escravizada e vendida a um mercador pagão, que levou-a consigo à Palestina. Embora estivesse cercada por idólatras, a menina manteve-se apegada aos padrões nos quais havia sido criada, preservando assim sua fé no Cristo. Ela cumpriu com afinco tudo o que lhe era exigido e manteve-se fiel a seu senhor, cumprindo a injunção do Apóstolo: Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne... Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens (Efésios 6:5,7).
Embora Julia fosse mansa e obediente, não havia como persuadi-la a fazer algo contra os mandamentos do Cristo. Por diversas vezes o mercador tentou convencê-la a abandonar a fé cristã e viver à maneira dos pagãos. Mas Julia preferia morrer a ter de negar o Cristo. O mercador enraiveceu-se e tentou matá-la; porém, percebendo o quanto ela era fiel e obediente, finalmente deixou-a em paz. Ele espantava-se com sua mansidão, sua paciência, sua natureza laboriosa. Ao tornar-se adulta, o mercador confiou-lhe importantes questões comerciais. Após os longos e duros dias de trabalho, Julia ficava feliz por ocupar-se de orações e leituras espirituais.
Julia ainda estava na faixa dos 20 anos de idade quando seu senhor a fez acompanhá-lo em uma jornada de negócios. No meio do caminho, seu barco fez uma parada na ilha mediterrânea de Córsega. Lá ainda haviam muito idólatras. Perto da orla, ao avistar um grupo de pessoas que estavam oferecendo sacrifícios a deuses pagãos, o mercador desejou juntar-se a eles. Ele saiu do barco, juntamente com todos os que estavam a bordo -- todos, menos Julia. Ela ficou para trás, no barco, lamentando-se profundamente das almas perdidas dos pagãos.
Durante a ausência do mercador, alguns habitantes da ilha entraram no barco. Ao avistarem Julia e descobrirem que era cristã, correram para avisar o líder, o qual disse ao mercador: "Por que nem todos os seus servos vieram honrar os deuses?"
"Todos estão aqui", disse o mercador.
"Então por que me disseram que há em seu barco uma mulher que se recusa a curvar-se perante os deuses?"
"Minha serva Julia?", perguntou o mercador. "Não há como convencê-la a afastar-se das ilusões da religião cristã. Eu mesmo tentei de várias formas; tentei com doçura, tentei com ameaças, e a teria matado há muito tempo não fosse o fato de ela ser tão fiel a mim, tão laboriosa".
"Ela tem de curvar-se aos deuses", disse o líder pagão. "Se tu quiseres, comprarei ela de ti e a forçarei a honrar nossos deuses".
"Pois eu lhe digo que ela preferiria morrer a abandonar sua fé, além de que me recuso a vendê-la. Todas os seus bens nem mesmo começariam a compensar os serviços dela".
Furioso, o líder pagão decidiu que traria a criada cristã a todo custo e a forçaria a oferecer sacrifícios aos deuses. Ele embriagou o mercador e, enquanto ele dormia, mandou buscar Julia,
"Faça um sacrifício aos deuses", ordenou-lhe, "e eu comprarei tua liberdade de teu senhor".
"Minha liberdade reside no trabalho a Cristo e em servir-Lhe de consciência limpa", respondeu a mulher. "Não posso juntar-me à tua fraude".
O líder ordenou que lhe batessem. Ela aguentou tudo calada, dizendo em seguida: "Por minha causa Cristo sofreu murros e cusparadas. Estou pronta para sofrer por Ele".
Julia foi sujeita a todo sorte de torturas; arrancaram-lhe os cabelos, bateram-na severamente e sem dó, mas ela permaneceu impávida.
"Confesso Aquele que por minha causa foi esmurrado, coroado com espinhos e crucificado na Cruz. Eu sou Sua serva e estou pronta para compartilhar de Seus sofrimentos", disse a jovem com coragem.
Após longas e cruéis torturas, Julia foi crucificada em uma cruz.
Ao acordar, o mercador descobriu o que tinha acontecido e entristeceu-se profundamente; mas nada mais podia ser feito, pois o último sopro de vida já havia sido dado por sua serva. Quando sua santa alma partiu para o Senhor, várias pessoas que ali estavam viram uma pomba branca como a neve sair de sua boca; outros viram anjos que circundavam a virgem e mártir. Aterrorizados, eles saírem correndo, deixando o corpo pendurado na cruz. Naquela mesma noite, tudo o que havia acontecido foi revelado em sonhos a alguns monges de uma olha vizinha. Eles foram encarregados de buscar o corpo e dar-lhe um enterro digno. Foi o que fizeram. Mais tarde, uma igreja foi construída exatamente no local onde a santa mártir havia sofrido. Daquele dia em diante, muitos cristãos têm honrado a memória de Santa Julia, a qual o próprio Senhor a tem glorificado com milagres.
Fonte: Vidas de Santos, compilado por A. N. Bakhmetova, Moscou, 1872.
Tropário (tom 4)
Tua cordeira Julia, ó Jesus, em prantos clama a Ti em alta voz: "Meu Noivo, aspiro por Ti e em torturas busco a Ti. Sou crucificada e sepultada contigo em meu Batismo, e por Ti sofro até que eu reine contigo. Morro por Ti para que viva em Ti". Recebe aquela que como um sacrifício sem mácula foi violentada por Tua causa. Pelas suas intercessões, pois Tu és misericordioso, salva nossas almas.
* * *
Durante a tomada de Cartago [na atual Tunísia], uma menina cristã de nome Julia foi escravizada e vendida a um mercador pagão, que levou-a consigo à Palestina. Embora estivesse cercada por idólatras, a menina manteve-se apegada aos padrões nos quais havia sido criada, preservando assim sua fé no Cristo. Ela cumpriu com afinco tudo o que lhe era exigido e manteve-se fiel a seu senhor, cumprindo a injunção do Apóstolo: Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne... Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens (Efésios 6:5,7).
Embora Julia fosse mansa e obediente, não havia como persuadi-la a fazer algo contra os mandamentos do Cristo. Por diversas vezes o mercador tentou convencê-la a abandonar a fé cristã e viver à maneira dos pagãos. Mas Julia preferia morrer a ter de negar o Cristo. O mercador enraiveceu-se e tentou matá-la; porém, percebendo o quanto ela era fiel e obediente, finalmente deixou-a em paz. Ele espantava-se com sua mansidão, sua paciência, sua natureza laboriosa. Ao tornar-se adulta, o mercador confiou-lhe importantes questões comerciais. Após os longos e duros dias de trabalho, Julia ficava feliz por ocupar-se de orações e leituras espirituais.
Julia ainda estava na faixa dos 20 anos de idade quando seu senhor a fez acompanhá-lo em uma jornada de negócios. No meio do caminho, seu barco fez uma parada na ilha mediterrânea de Córsega. Lá ainda haviam muito idólatras. Perto da orla, ao avistar um grupo de pessoas que estavam oferecendo sacrifícios a deuses pagãos, o mercador desejou juntar-se a eles. Ele saiu do barco, juntamente com todos os que estavam a bordo -- todos, menos Julia. Ela ficou para trás, no barco, lamentando-se profundamente das almas perdidas dos pagãos.
Durante a ausência do mercador, alguns habitantes da ilha entraram no barco. Ao avistarem Julia e descobrirem que era cristã, correram para avisar o líder, o qual disse ao mercador: "Por que nem todos os seus servos vieram honrar os deuses?"
"Todos estão aqui", disse o mercador.
"Então por que me disseram que há em seu barco uma mulher que se recusa a curvar-se perante os deuses?"
"Minha serva Julia?", perguntou o mercador. "Não há como convencê-la a afastar-se das ilusões da religião cristã. Eu mesmo tentei de várias formas; tentei com doçura, tentei com ameaças, e a teria matado há muito tempo não fosse o fato de ela ser tão fiel a mim, tão laboriosa".
"Ela tem de curvar-se aos deuses", disse o líder pagão. "Se tu quiseres, comprarei ela de ti e a forçarei a honrar nossos deuses".
"Pois eu lhe digo que ela preferiria morrer a abandonar sua fé, além de que me recuso a vendê-la. Todas os seus bens nem mesmo começariam a compensar os serviços dela".
Furioso, o líder pagão decidiu que traria a criada cristã a todo custo e a forçaria a oferecer sacrifícios aos deuses. Ele embriagou o mercador e, enquanto ele dormia, mandou buscar Julia,
"Faça um sacrifício aos deuses", ordenou-lhe, "e eu comprarei tua liberdade de teu senhor".
"Minha liberdade reside no trabalho a Cristo e em servir-Lhe de consciência limpa", respondeu a mulher. "Não posso juntar-me à tua fraude".
O líder ordenou que lhe batessem. Ela aguentou tudo calada, dizendo em seguida: "Por minha causa Cristo sofreu murros e cusparadas. Estou pronta para sofrer por Ele".
Julia foi sujeita a todo sorte de torturas; arrancaram-lhe os cabelos, bateram-na severamente e sem dó, mas ela permaneceu impávida.
"Confesso Aquele que por minha causa foi esmurrado, coroado com espinhos e crucificado na Cruz. Eu sou Sua serva e estou pronta para compartilhar de Seus sofrimentos", disse a jovem com coragem.
Após longas e cruéis torturas, Julia foi crucificada em uma cruz.
Ao acordar, o mercador descobriu o que tinha acontecido e entristeceu-se profundamente; mas nada mais podia ser feito, pois o último sopro de vida já havia sido dado por sua serva. Quando sua santa alma partiu para o Senhor, várias pessoas que ali estavam viram uma pomba branca como a neve sair de sua boca; outros viram anjos que circundavam a virgem e mártir. Aterrorizados, eles saírem correndo, deixando o corpo pendurado na cruz. Naquela mesma noite, tudo o que havia acontecido foi revelado em sonhos a alguns monges de uma olha vizinha. Eles foram encarregados de buscar o corpo e dar-lhe um enterro digno. Foi o que fizeram. Mais tarde, uma igreja foi construída exatamente no local onde a santa mártir havia sofrido. Daquele dia em diante, muitos cristãos têm honrado a memória de Santa Julia, a qual o próprio Senhor a tem glorificado com milagres.
Fonte: Vidas de Santos, compilado por A. N. Bakhmetova, Moscou, 1872.
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Tropário (tom 4)
Tua cordeira Julia, ó Jesus, em prantos clama a Ti em alta voz: "Meu Noivo, aspiro por Ti e em torturas busco a Ti. Sou crucificada e sepultada contigo em meu Batismo, e por Ti sofro até que eu reine contigo. Morro por Ti para que viva em Ti". Recebe aquela que como um sacrifício sem mácula foi violentada por Tua causa. Pelas suas intercessões, pois Tu és misericordioso, salva nossas almas.