Em sua imunda campanha, os opositores da renovação hesicasta estão tachando os defensores desta tradição de “conservadores”. Mas o que “conservador” significa no Ocidente? No Ocidente, um conservador é aquele que ainda identifica a Bíblia como sendo a revelação de Deus à humanidade e ao mundo, pois, nos velhos tempos, protestantes e católicos romanos acreditavam na inspiração literal das Sagradas Escrituras. Em outras palavras, eles acreditavam que o Cristo ditou a Bíblia palavra por palavra aos profetas e autores dos evangelhos por meio do Espírito Santo, ou seja, os autores da Bíblia eram como que escribas que registravam o que quer que ouvissem o Espírito Santo dizer.
Mas eis que surgiu a crítica bíblica e, no seu bojo, o descrédito à linha de pensamento vigente, dividindo o mundo protestante em duas facções: a conservadora e a liberal. Nos EUA há distintas igrejas luteranas: a liberal e a conservadora igreja do Sínodo de Missouri. A primeira não aceita a Bíblia enquanto revelação em termos absolutos, enquanto a segunda aceita. O mesmo fenômeno pode ser observado entre os batistas. Os batistas liberais não aceitam as Sagradas Escrituras enquanto revelação literalmente inspirada, enquanto os demais as aceitam enquanto revelação inspirada, palavra por palavra. A mesma divisão pode ser observada entre os metodistas. Na verdade, o racha entre liberais e conservadores pode ser observado em todas as denominações protestantes.
Ora, será que a mesma divisão se aplica à tradição ortodoxa? Será que há Santos Padres conservadores e Santos Padres liberais? Será que há um único Padre da Igreja que tenha ensinado a inspiração literal das Sagradas Escrituras? Será que há um único Padre da Igreja que tenha identificado as Sagradas Escrituras com a experiência da theosis? Não, não há, porque a revelação de Deus à humanidade é a própria experiência da theosis. Na verdade, como a revelação é a experiência da theosis – uma experiência que transcende toda expressão e conceito – a identificação das Sagradas Escrituras com a revelação é, em termos de teologia dogmática, pura heresia.
Pode alguém que aceita o ensinamento patrístico da theosis ser caracterizado como conservador, baseado no racha sobre as Escrituras do mundo protestante? Quando os protestantes liberais ouvem falar deste princípio patrístico, dizem: “Ah, sim, isso aí é liberalismo!”, enquanto os protestantes dizem: “Não, isso aí é heresia!” Em outras palavras, quando seguimos os Padres, nós, ortodoxos, somos heréticos do ponto de vista protestante conservador.
Afinal, quem são os ortodoxos liberais e quem são os ortodoxos conservadores? São aqueles que fazem teologia à moda dos teólogos protestantes liberais e conservadores. Eis a razão por que determinados teólogos gregos têm se dividido entre liberais e conservadores. Os liberais seguem os protestantes liberais enquanto os conservadores seguem os protestantes conservadores.
Porém, será que é correto classificarmos a tradição patrística nesses termos? É claro que não. Todavia, o teólogo hesicasta da Igreja Oriental será visto como um liberal no Ocidente, pois ele se recusará a identificar o texto bíblico, incluindo seus provérbios e conceitos, com a revelação.
Dado que a revelação é a própria experiência da theosis, então a revelação está além da compreensão, da expressão e da conceitualização. Isso significa dizer que os rótulos “conservador” e “liberal” não devem ser aplicados àqueles que aderem à tradição ortodoxa. Portanto, os Padres não são nem liberais, nem conservadores. Em outras palavras, há Padres da Igreja que são santos por terem atingido a iluminação e há santos da Igreja que são santos porque, além da iluminação, atingiram também a theosis e são mais gloriosos do que a primeira classe de santos.
Esta é, pois, a tradição patrística – ou você alcança a iluminação ou você alcança a theosis após ter passado pela iluminação. A tradição ortodoxa nada mais é do que esta terapia, na qual o nous é purificado, iluminado e, no final das contas, glorificado com todo o homem, se Deus assim quiser. Ora, será que existe isso de “iluminado liberal” ou “iluminado conservador”? É claro que não. Ou você está iluminado ou não está. Ou você alcançou a theosis ou não alcançou. Ou você se submeteu a esta terapia ou não se submeteu. Além destas distinções, não há outras.
Mas eis que surgiu a crítica bíblica e, no seu bojo, o descrédito à linha de pensamento vigente, dividindo o mundo protestante em duas facções: a conservadora e a liberal. Nos EUA há distintas igrejas luteranas: a liberal e a conservadora igreja do Sínodo de Missouri. A primeira não aceita a Bíblia enquanto revelação em termos absolutos, enquanto a segunda aceita. O mesmo fenômeno pode ser observado entre os batistas. Os batistas liberais não aceitam as Sagradas Escrituras enquanto revelação literalmente inspirada, enquanto os demais as aceitam enquanto revelação inspirada, palavra por palavra. A mesma divisão pode ser observada entre os metodistas. Na verdade, o racha entre liberais e conservadores pode ser observado em todas as denominações protestantes.
Ora, será que a mesma divisão se aplica à tradição ortodoxa? Será que há Santos Padres conservadores e Santos Padres liberais? Será que há um único Padre da Igreja que tenha ensinado a inspiração literal das Sagradas Escrituras? Será que há um único Padre da Igreja que tenha identificado as Sagradas Escrituras com a experiência da theosis? Não, não há, porque a revelação de Deus à humanidade é a própria experiência da theosis. Na verdade, como a revelação é a experiência da theosis – uma experiência que transcende toda expressão e conceito – a identificação das Sagradas Escrituras com a revelação é, em termos de teologia dogmática, pura heresia.
Pode alguém que aceita o ensinamento patrístico da theosis ser caracterizado como conservador, baseado no racha sobre as Escrituras do mundo protestante? Quando os protestantes liberais ouvem falar deste princípio patrístico, dizem: “Ah, sim, isso aí é liberalismo!”, enquanto os protestantes dizem: “Não, isso aí é heresia!” Em outras palavras, quando seguimos os Padres, nós, ortodoxos, somos heréticos do ponto de vista protestante conservador.
Afinal, quem são os ortodoxos liberais e quem são os ortodoxos conservadores? São aqueles que fazem teologia à moda dos teólogos protestantes liberais e conservadores. Eis a razão por que determinados teólogos gregos têm se dividido entre liberais e conservadores. Os liberais seguem os protestantes liberais enquanto os conservadores seguem os protestantes conservadores.
Porém, será que é correto classificarmos a tradição patrística nesses termos? É claro que não. Todavia, o teólogo hesicasta da Igreja Oriental será visto como um liberal no Ocidente, pois ele se recusará a identificar o texto bíblico, incluindo seus provérbios e conceitos, com a revelação.
Dado que a revelação é a própria experiência da theosis, então a revelação está além da compreensão, da expressão e da conceitualização. Isso significa dizer que os rótulos “conservador” e “liberal” não devem ser aplicados àqueles que aderem à tradição ortodoxa. Portanto, os Padres não são nem liberais, nem conservadores. Em outras palavras, há Padres da Igreja que são santos por terem atingido a iluminação e há santos da Igreja que são santos porque, além da iluminação, atingiram também a theosis e são mais gloriosos do que a primeira classe de santos.
Esta é, pois, a tradição patrística – ou você alcança a iluminação ou você alcança a theosis após ter passado pela iluminação. A tradição ortodoxa nada mais é do que esta terapia, na qual o nous é purificado, iluminado e, no final das contas, glorificado com todo o homem, se Deus assim quiser. Ora, será que existe isso de “iluminado liberal” ou “iluminado conservador”? É claro que não. Ou você está iluminado ou não está. Ou você alcançou a theosis ou não alcançou. Ou você se submeteu a esta terapia ou não se submeteu. Além destas distinções, não há outras.